Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

Jesus e Nicodemos – Reencarnação

A conversa de Jesus com Nicodemos girou em torno de um assunto que o próprio Nicodemos, como fariseu que era, ensinava na sinagoga. A reencarnação, conforme nos afirma o historiador Flavio Josefo, judeu contemporâneo de Jesus, era conhecida e pregada pelos fariseus. Mas seus conhecimentos eram superficiais e imprecisos, e Nicodemos procurou Jesus durante a noite para tentar tirar suas dúvidas.

Este é o tema deste vídeo, 6º vídeos desta série de vídeos sobre o Evangelho de João.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

JOÃO 3:1-12

  1. E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

O texto diz “príncipe dos judeus”. Nicodemos era membro do Sinédrio (João7:50), uma espécie de senado judeu.

“Nicodemos” quer dizer “vencedor do povo”, e simboliza aquele que já se elevou acima da média, aquele que está acima da grande massa.

  1. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
  2. Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Jesus sabia o assunto pelo qual Nicodemos o havia procurado. Possivelmente, já haviam iniciado essa conversa antes – ou o evangelista preferiu citar apenas uma pequena parte do diálogo.

Nicodemos provavelmente procurou Jesus à noite por medo dos demais líderes fariseus (João 12:42).

  1. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
  2. Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
  3. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

Os fariseus conheciam a reencarnação. Champlim diz que eles ensinavam sobre a reencarnação nas suas escolas. O historiador Flavio Josefo, que era fariseu, diz que a alma dos homens bons voltavam a este mundo em novos corpos, e as almas dos homens maus iam para as zonas inferiores do hades, o lugar dos mortos para os gregos – algo semelhante ao que os espíritas conhecem como plano astral.

Notamos que, embora eles tivessem alguma noção a respeito da pluralidade das existências, seus conhecimentos eram muito vagos, e é isso que deve ter feito Nicodemos procurar Jesus.

Alguns religiosos afirmam que eles estão tratando do batismo. O batismo, como ato ritual, era suficientemente conhecido dos fariseus para despertar tamanha vontade de saber a ponto de fazer Nicodemos procurar Jesus à noite.

Além disso, quando Nicodemos fala em voltar ao ventre materno Jesus não nega, Jesus
confirma. Se não fosse este o assunto, se eles não estivessem falando de nascer de novo através de uma nova geração e gestação pela mãe, Jesus certamente teria corrigido Nicodemos.

Jesus fala em nascer da água e do espírito. A água na Bíblia representa o elemento gerador absoluto, o princípio material. Lembremos novamente o Gênesis quando diz que “o espírito de Deus pairava sobre as águas”. Vemos Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas; o princípio espiritual, chamado “o espírito”; e o princípio material representado pela água.

Por isso Jesus diz que é preciso nascer da água e do espírito, e corrobora nossa interpretação ao acrescentar: O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito”. São princípios diferentes, o princípio material e o princípio espiritual. A carne descende da carne -geneticamente descendemos de nossos pais, nossa carne é herança genética da carne deles. Mas o espírito não descende da carne – o espírito que anima o corpo material é preexistente, ele já era espírito.

Somos espíritos imortais e experimentamos muitas existências carnais. A personagem muda a cada nova existência, mas a nossa individualidade é a mesma.

Jesus disse que Deus é espírito (João 4:24). Somos creaturas de Deus, nosso espírito provém de Deus. Alguém poderia alegar que Jesus está dizendo aqui que o espírito nasce do espírito porque nós somos provenientes de Deus – ou como uma referência ao espírito santo.

É verdade que Deus é nosso Pai. Nosso espírito é creação de Deus. Mas não é a isso que Jesus está se referindo aqui. O texto grego diz “nascer de água e espírito’, sem artigo. Então não se trata de nascer “do” Espírito de Deus, ou “do” espírito santo, mas de nascer “de” espírito – o espírito nascer de novo.

Depois, quando diz que “o que nasce da carne é carne e o que nasce do espírito é espírito”, é usado o artigo, pois aí já está definido a que carne e a que espírito se está referindo.

O que nasce da carne dos pais é apenas carne, mas o que nasce do espírito reencarnante é o mesmo espírito.

  1. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
  2. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

A palavra grega anóthen (ανωθεν) pode ser traduzida como “do alto” ou “de novo”. Algumas versões traduzem como “nascer do alto”. Sim, o nascimento é “do alto” porque é da espiritualidade, mas é “de novo” porque ele volta para onde já esteve.

De qualquer modo, Nicodemos entendeu nascer “de novo”, pois perguntou como poderia um homem voltar para o ventre de sua mãe.

“O vento assopra onde quer (…)” – a mesma palavra que é traduzida como “espírito” aqui está traduzida como “vento”. Realmente, é uma mesma palavra que designa “vento” e “espírito”. Mas o assunto aqui é espírito, não vento. Dos versículos 5 a 8 a palavra “espírito” é citada cinco vezes. Não há porque traduzir aqui como “vento”.

“O vento assopra” deve ser traduzido aqui como “o espírito age”. O verbo que é traduzido como “assopra” é pnei (πνει); o substantivo traduzido como “espírito” é pneuma (πνευμα). Não podemos dizer “o espírito espiritiza” ou “o espírito espiritua”, porque essas palavras não existem. Mas o verbo pnei (πνει) está se referindo à ação do espírito.

A palavra “espírito”, como vimos, vem do latim spiritus, relacionado a spirare – respirar. Em português nós formamos verbos a partir deste substantivo. Quando nós dizemos que recebemos uma inspiração, a raiz da palavra “inspiração” é spirare. A mesma coisa quando o corpo físico morre – nós expiramos. Ex quer dizer “para fora”, então, quando nós “expiramos”, o espírito sai do corpo.

Inspiração e expiração, nestes casos, são ações relacionadas ao espírito. O mesmo acontece com o grego pneuma pnei. Como o assunto está tratando de espírito, e não de vento, a tradução correta é “o espírito age onde quer”.

“O espírito age onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do espírito” – quando um espírito desencarna não sabemos localizá-lo com exatidão, pois estamos em planos diferentes. Assim é todo aquele que é nascido do espírito. Com raras exceções, não sabemos de onde veio aquele espírito, qual a sua origem, quem ele foi em outras existências, quais as possíveis ligações que temos com ele a partir de existências pretéritas, e também não sabemos para onde ele vai, que lugar no plano astral ele ocupará, quando ele irá reencarnar de novo, quando teremos oportunidade de nos vermos novamente.

  1. Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?

“(…) Como pode ser isso?” – o verbo traduzido como “ser” é genesthai (γενεσθαι), que pode ser traduzido como “ser”, “acontecer”, “suceder”, “gerar”, “nascer”. O sentido principal é de “gerar”, “nascer”. A raiz da palavra é gen, de onde nós temos as palavras “genes”, “genética”, que se referem àquilo que nós herdamos ao nascer.

O contexto aqui é de nascimento – Jesus e Nicodemos estão falando sobre “nascer de novo”, então a tradução mais adequada, sem a menor dúvida, é “nascer”. Nicodemos está perguntando, se referindo ao espírito: “Como pode ele nascer?”

  1. Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?

Jesus não iria reprovar Nicodemos por não conhecer uma doutrina nova, como seria um suposto batismo pelo espírito santo – uma coisa de que nem Nicodemos nem ninguém nunca tinha ouvido falar.

Nicodemos está sendo cobrado por Jesus por desconhecer os mecanismos de uma doutrina que eles mesmos ensinavam. Jesus diz: “tu és o mestre em Israel e não sabes?” Há artigo antes de “mestre” – Jesus está dizendo em outras palavras a Nicodemos: “Tu és o mestre, não eu”.

Em Mateus 11:25 Jesus agradece a Deus pelos infantes terem-no compreendido, e não os velhos e teimosos. Jesus se refere nesta passagem aos espíritos infantes, aos espíritos novos que compreendem o seu ensino, enquanto muitos espíritos velhos e experientes, mas muito teimosos, não conseguem apreender o seu ensinamento.

  1. Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.

Em 3:2 Nicodemos diz a Jesus: “Sabemos que és Mestre, vindo de Deus” – agora Jesus responde: “dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos”.

Nicodemos, mesmo reconhecendo que Jesus é mestre vindo de Deus, não está receptivo ao ensinamento de Jesus, não tem condições de compreender o alcance do ensino de Jesus. Aliás, embora dois terços da população mundial acreditem na reencarnação, no ocidente ainda é comum que muitas pessoas a neguem por causa de seus dogmas ou por seu pouco estudo a respeito do assunto. Assuntos complexos exigem estudos complexos. Foi isso que o mestre de Israel não aceitou e muitos não aceitam ainda hoje.

  1. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?

Se Jesus está falando só da reencarnação e Nicodemos não compreende, como compreenderia se Jesus falasse sobre a vida no plano astral ou em outros planos? Por isso Jesus diz, mais tarde, que teria muitas outras coisas para nos dizer, mas que nós não suportaríamos (João 16:12). Muitos ainda não suportam, ainda não têm condições de um ensinamento mais avançado.

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