Reencarnação

De que adianta a reencarnação se eu não lembro das vidas passadas?

existe reencarnação

De que adianta a reencarnação se eu não lembro? Como vou pagar por algo que não fiz?

Eu vou dizer uma coisa para você:

Se eu não acreditasse na reencarnação eu seria ateu – mas ATEU!

A mesma energia que eu dispendo propagando o Evangelho e o Espiritismo eu dispenderia propagando o ateísmo. E assim como eu tenho bons argumentos para falar de Evangelho e de Espiritismo, eu teria bons argumentos para destruir as crenças das pessoas e conduzi-las ao ateísmo.

Por quê?

Porque se essa fosse a nossa única vida, se a nossa vida se resumisse a essas poucas décadas que nós vivemos com um corpo de carne, esse mundo seria terrivelmente injusto. E se esse mundo fosse assim tão injusto o seu criador seria terrivelmente injusto – mais que isso: o seu criador seria sádico, cruel e nojento!

Nada, além da reencarnação, pode explicar tanta desigualdade no mundo. Como é que alguém nasce em berço de ouro, com toda comodidade, num corpo bonito, com dinheiro, com carinho da família, tudo de bom; e outro nasce miserável, numa vila, enjeitado pelos pais, se criando ao Deus dará, desnutrido, feio, sem nenhuma perspectiva de melhora na vida?

Como eu sei que o público que me acompanha é um público pensante, eu não preciso dar mais exemplos de desigualdade.

Hoje é comum as pessoas compartilharem no Facebook fotos de crianças com doenças terríveis, totalmente deformadas, às vezes sentindo dor o tempo inteiro.

Um ateu quando vê isso grita de raiva contra Deus. Para ele o culpado é Deus. Por isso ele é ateu. Ele diz que não acredita em Deus porque ele acha que Deus é ruim. É claro que existe o ateu mais bem fundamentado. Esse tipo de ateu deve atribuir tudo isso ao acaso.

Mas o religioso, principalmente o cristão, seja ele católico ou protestante, o religioso que acha que só existe essa vida, que nós não existíamos antes: como é que ele explica isso?

Não explica! O máximo que ele diz é:

– Deus tem um plano pra você, meu irmão!

Mas que plano desgraçado é esse?

Eles podem argumentar, com muita razão, que essa vida é passageira, que são alguns anos de sofrimento aqui, mas depois tem a eternidade no céu.

Tudo bem. Mas isso não explica as diferenças aqui. Passar a eternidade no céu, tudo bem; mas por que um vive com tudo de bom e o outro com tudo de ruim?

Ainda tomando o mesmo exemplo da criança doente:

Esses religiosos ficam indignados com os espíritas porque os espíritas acreditam na Lei de causa e efeito – eles olham essa criança, pequena, frágil, indefesa, que não teve tempo de fazer mal nenhum, tão sofrida, tão cheia de dor, e acham um absurdo a ideia de que aquela criança esteja pagando por algo que ela supostamente teria feito em outra vida. Para esses religiosos essa ideia é criminosa. É como se um espírita olhasse para aquela criança doente e acusasse ela de ser a culpada pelo seu sofrimento atual.

Não é assim.

Ninguém ignora que existem pessoas muito mais inteligentes, muito mais sábias, mais bem preparadas para a vida do que outras. Pessoas que demonstram talento desde crianças, seja na música, na matemática ou em qualquer outra área.

Essas pessoas muitas vezes têm pais comuns, tiveram uma criação comum, não há nada nesta existência atual que explique a sua vantagem em relação aos demais. Mas se nós levarmos em consideração o processo reencarnatório, tudo fica muito claro: as pessoas com grandes talentos são espíritos que já desenvolveram sua inteligência em determinadas áreas. Desenvolveram como? – Numa série de existências anteriores!

Uma coisa que tem que ser desconstruída no meio espírita é o conceito de culpa. Não somos culpados. Somos responsáveis pelos nossos atos, isso sim. Se acreditamos que existe uma inteligência suprema, responsável por toda a creação, e que essa inteligência, que nós chamamos de Deus, é infinitamente justa, a sua creação deve obedecer a essa justiça.

Para a nossa compreensão, Deus é a Lei. Deus é o grande conjunto de Leis que nos rege e que rege a toda a creação. Essa Lei evidentemente é justa.

O nosso problema é que nós percebemos uma partícula infinitamente pequena da creação e fazemos os nossos julgamentos em cima disso. Por exemplo: nós observamos o momento presente e vemos sofrimento e desigualdades – mas se nós conseguirmos ampliar a nossa compreensão; se nós tornarmos a nossa visão da vida mais abrangente; nós seremos capazes de perceber que para tudo existem causas; que essas causas evidentemente remontam ao passado; e o que não pode ser explicado levando em conta apenas a existência atual pode ser explicado se considerarmos que nós já existíamos antes, que nós já tivemos muitas existências, que nós cometemos erros e acertos em todas as nossas existências, e que esses erros e acertos geram resultados.

Nós não pagamos por nossos erros do passado – não se trata de pagamento porque não se trata de dívida. Mas todos os nossos atos geram consequências.

Se nós acreditamos que existe Deus e que existe um bom propósito para a creação, nós concluímos que a vida, como nós a conhecemos hoje, é um processo de aprendizado. Aprendemos a amar e aprendemos a usar as nossas potencialidades. Isso não se aprende numa única existência. Nosso aprendizado é lento, porque precisamos de repetição para criar um padrão.

Tudo é aprendizado, a Lei (ou Deus) conspira para o nosso aprendizado. Podemos aprender de muitas formas. Você certamente já ouviu a expressão “pelo amor ou pela dor” – existem infinitas possibilidades de aprendizado dentro do amor e existem infinitas possibilidades de aprendizado dentro da dor.

O espírita não gosta da dor. Ninguém gosta da dor. Mas nós compreendemos a dor como um recurso de aprendizado. Se temos grande dificuldade de aprender alguma coisa aprender a valorizar as pessoas, por exemplo) – a vida nos conduz a meios de aprendizado cada vez mais estreitos. Até que um dia – por exemplo – reencarnamos num corpo que não nos permita ser autossuficientes: experimentamos então uma vida em que dependemos de alguém para coisas básicas. Essa dependência é um recurso que a vida nos oferece para aprendermos a valorizar as pessoas.

Esse é apenas um exemplo. Se você largar um pouco o smartphone, deixar de lado a televisão, os noticiários sangrentos, se você aquietar a sua mente e observar as diversas facetas da vida, você verá que tudo são oportunidades de aprendizado.

Mas a principal pergunta não foi respondida:

– De que adianta a reencarnação se eu não lembro? Como vou pagar por algo que não fiz?

Uma pessoa não precisa ser reencarnacionista, não precisa nem acreditar em Deus para constatar que existe um oceano gigantesco abaixo da ponta do iceberg que é a nossa consciência racional e objetiva. Nós usamos, normalmente, em nosso dia-a-dia, em quase todas as atividades que nós fazemos, apenas a nossa consciência superficial, que é racional e objetiva.

Essa consciência, que nós achamos que é o “eu”, é apenas a ponta do iceberg. O eu verdadeiro está no subconsciente. Nós somos seres de um potencial inimaginável. O Gênesis diz que nós somos imagem e semelhança de Deus. Jesus disse que nós somos deuses. Acontece que nós estamos mergulhados num mundo material denso. O nosso único contato com a realidade exterior são os nossos cinco sentidos físicos.

Nós somos muito mais que isso. Em nosso subconsciente está tudo gravado. Todos os nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações estão gravados em nosso subconsciente. Foi a isso que Jesus se referiu quando disse que “até os fios de cabelo de vossas cabeças estão todos contados”.

Você não precisa ser reencarnacionista nem acreditar em Deus para entender o que é um trauma de infância ou um recalque. Grande parte do seu comportamento, das suas escolhas, da sua visão de mundo são fruto de coisas que aconteceram com você quando você era uma criança pequena, são fruto de experiências suas de que você não lembra.

Ou seja: você é dirigido, em grande parte, por coisas que você não lembra – mas isso não quer dizer que essas coisas não existiram.

Você lembra de tudo o que você fez na sua infância? Você lembra de quando você tinha um ou dois anos de idade? Claro que não lembra. No entanto, a sua primeira visão de mundo, as suas primeiras impressões sobre as coisas, sobre o mundo, sobre as pessoas nasceram nesse período da sua vida.

Isso não é Espiritismo, isso até um estudante de psicologia sabe.

Mas não vamos tão longe: você lembra do que você fez exatamente um ano atrás? Não lembra!

O fato de não nos lembrarmos não quer dizer que não tenha acontecido. Está tudo registrado. Quando reencarnamos nós assumimos um novo corpo. Esse corpo não pode vir carregado com o armazenamento das nossas memórias anteriores.

Todos os meus vídeos, todos os textos que eu publico e outros trabalhos inéditos estão arquivados no meu computador. Se eu comprar um novo computador ele não vai vir com esses arquivos. O computador é novo, ele não tem nada a ver com os arquivos do computador antigo.

Mas quem é o dono do conteúdo do arquivo? Quem é que sabe, que conhece tudo o que compõe o arquivo? Sou eu! E se precisar eu posso fazer tudo de novo, porque o produtor do conteúdo sou eu!

Mas se eu escrever tudo de novo, se eu gravar tudo de novo, muito provavelmente, quase certamente, eu vou fazer melhor do que eu fiz antes. Eu sei mais do que eu sabia antes. Eu tenho um pouco mais de conhecimento, eu desenvolvi mais habilidade para escrever, eu tenho mais facilidade para falar num vídeo do que eu tinha antes.

Ou seja: o conteúdo dos arquivos não está perdido. Ele está em mim. O computador é apenas uma máquina – assim como o meu corpo é apenas uma máquina.

Tudo o que experimentei nas minhas existências anteriores está dentro de mim. Eu sou o somatório de tudo. Eu não lembro do que eu fiz, porque a máquina através da qual eu me manifesto nesse momento não contém esses arquivos. Mas o conteúdo dos arquivos está em mim. Isso me faz um ser único: eu tenho habilidade para algumas coisas e dificuldade para outras coisas – como todo mundo.

A dificuldade de quem não compreende a reencarnação é a sua identificação com o ego. Podemos chamar de ego ou podemos chamar de personagem. Isso que nós apresentamos é uma personagem. Morel Felipe Wilkon é uma personagem. Essa personagem foi programada desde o seu primeiro dia de vida. Programada pelo que viu, pelo que ouviu, pelo que sentiu, pelo que desejou, pelo que concluiu, pelo que fez…

Mas eu não sou essa personagem. Eu sou um ser imortal. Podemos chamar de individualidade, consciência, espírito, o nome não importa. Eu sou um ser único e imortal. Esse ser se manifesta e se desenvolve através de várias dimensões, ocupando vários corpos através do tempo.

A dificuldade de quem não compreende a reencarnação é a sua identificação com a personagem. A pessoa enxerga a si mesma apenas como isso que ela aparenta ser no momento presente.

Se hoje a pessoa é Pedro, ela não entende porque tem que pagar pelos erros do João que viveu no século passado.

Em primeiro lugar, como eu já disse antes, nós não estamos aqui para pagar nada. Estamos num permanente processo de aprendizado. Nesse aprendizado nós colhemos o que nós plantamos, porque isso é uma Lei – Lei ensinada por Jesus no Evangelho: “a cada um segundo as suas obras”.

Em segundo lugar, você não é Pedro e você não foi João. Você está Pedro e você esteve João. Você é espírito imortal. Você viveu uma experiência como João e hoje vive uma experiência como Pedro. João e Pedro são diferentes modos de você expressar o ser que você é.

Mas o ser que você é de verdade está muito além disso que você apresenta agora. Você apresenta apenas a superfície do seu ser. Você é muito mais. E num nível de consciência bem mais profundo, nós sabemos de tudo isso. Sabemos que vamos e voltamos muitas vezes, quantas vezes forem necessárias para o nosso aprimoramento.

– Mas como é que nós aprendemos com os erros de outras vidas se nós não lembramos deles?

Você não se questiona a respeito das diferenças entre as pessoas? Você não nota que existem pessoas com mania de perseguição, pessoas deprimidas sem razão aparente, pessoas que têm raiva de todo mundo, pessoas que preferem viver isoladas, pessoas que são revoltadas por sua condição social, pessoas de todos os tipos?

Podemos atribuir à genética, podemos atribuir ao meio em que essas pessoas vivem, e tudo isso exerce grande influência – mas nada explica tudo satisfatoriamente. Há pessoas com a mesma genética, que receberam a mesma educação, que vivem exatamente no mesmo meio, sofrendo as mesmas influências, e no entanto são muito diferentes.

Nós trazemos a nossa bagagem de experiências quando reencarnamos. Não como memória acessível – porque o computador é outro – mas como sentimentos, como tendências, como facilidades ou dificuldades naturais.

Nada explica a Justiça Divina como a reencarnação. Nada explica a lógica e o encadeamento de tudo na vida como a reencarnação.

Isso tudo é filosofia. Cientificamente a reencarnação não pode ser provada. Quando nós dissemos “cientificamente” nós estamos nos referindo aos meios cartesianos.  Não tem como provar que existe reencarnação num laboratório, como se faz com experimentações químicas, por exemplo. Assim como não existe nenhum mecanismo capaz de detectar a existência do espírito independente do corpo

Mas existem pesquisas sérias, de pessoas não religiosas, como o Dr Ian Stevenson, que dedicou a sua vida a pesquisar casos sugestivos de reencarnação.

Além disso, mais de dois terços da população mundial tem a reencarnação como uma realidade biológica. Aliás, a dificuldade de aceitar a reencarnação está no Ocidente, onde predominam as três grandes religiões abraâmicas monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Todas têm a mesma origem. Todas partem do princípio da obediência sem questionamento. O conhecimento parece ser um tabu para as religiões abraâmicas monoteístas: Lá no comecinho do Gênesis Deus proíbe comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Conhecer é proibido. Questionar é proibido. Pensar é proibido.

Pense! Questione-se! Conheça!

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