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Almas gêmeas – Espiritismo

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Nada no Espiritismo abona a teoria das almas gêmeas. De acordo com essa teoria, os espíritos teriam sido creados aos pares – seriam duas metades que se separaram para evoluir, e só se completariam novamente quando tornassem a se unir.

Tratei deste tema, algum tempo atrás, neste artigo: Espiritismo e almas gêmeas

Volto ao tema neste vídeo de apenas 6 minutos. Se preferir, leia o texto do vídeo abaixo:

Você acredita em almas gêmeas? Você acredita que é possível viver um conto de fadas?

Uma leitora me escreveu contado da sua desilusão amorosa. Como o caso dela é muito comum, é uma queixa recorrente (principalmente entre as mulheres) eu resolvi abordar esse tema.

Essa leitora diz que ela conheceu um homem, eles se apaixonaram e viveram então um verdadeiro conto de fadas (detalhe: o homem era casado). Depois de um tempo, ele resolveu voltar para a mulher (ou ex-mulher), e a partir dali ela a leitora) não se conformou. Ela acredita que deve haver uma causa espiritual nisso. A mulher (ou ex-mulher) deve ter feito algum feitiço, algum trabalho de magia ou alguma coisa do gênero, porque não é possível que um casal que se amava tanto como eles se amavam, um casal que vivia um verdadeiro conto de fadas, de repente se separar dessa maneira. Ele voltou para a mulher, mas eles continuam se encontrando de vez em quando.

É relativamente comum entre os simpatizantes do Espiritismo – não entre os espíritas, mas entre aqueles que simpatizam com o espiritismo – acreditarem na teoria das almas gêmeas. Segundo a teoria das almas gêmeas, os espíritos teriam sido criados aos pares, seriam duas metades que se separam para evoluir, mas que só se completam novamente quando voltarem a se unir, quando se encontrarem para se unir de novo.

Essa teoria não tem o menor respaldo na Doutrina espírita. O que existe é a afinidade entre espíritos. Dois espíritos podem ter desenvolvido um grau de afinidade tão elevado que parece que foram feitos um para o outro, mas isso é coisa de espíritos mais avançados, isso “não é para o nosso bico”.

Nós estamos recém aprendendo a amar – pois quase sempre, quando nos referimos ao amor, quando dizemos que estamos amando alguém, quase sempre nós estamos, na verdade, falando de paixão ou de apego. O que nós sentimos, quase sempre, pela nossa família, esposa, marido, filhos, quase sempre é apego. Se nós não suportamos a separação, se nós tentamos impedir (ou impedimos efetivamente) o afastamento de um ente querido em relação a nós (a não ser, é claro, que se trate de uma criança ou um adolescente sob os nossos cuidados) e siga a sua própria vida, isso é apego, isso não é amor – pode ser um treino, um preparo para o amor, mas não é amor.

Amor pressupõe liberdade, e isso que um casal que recém se conhece sente um pelo outro, esse negócio de não conseguir ficar longe um do outro, isso é paixão, e paixão tem prazo de validade. Esse amor de conto de fadas na verdade é paixão. Os contos de fadas terminam dizendo: “e viveram felizes para sempre”. Mas isso é uma simplificação. Quem diz que viveu um conto de fadas na verdade viveu uma paixão.

Como é que o príncipe e a princesa ficam juntos nos contos de fadas? Eles nem se conhecem, eles não sabem se têm pontos em comum um com o outro, eles não conhecem os gostos, os costumes, as opiniões, o caráter um do outro. Eles se olham, sentem-se atraídos um pelo outro e ficam juntos. Isso é paixão.

  Qual é a importância desse assunto?

A leitora que relata esse fato acha que o amor acabou porque fizeram algum trabalho contra ela, fizeram algum feitiço, alguma coisa para separar os dois.

Nós não podemos ser ingênuos e simplesmente negar que essas coisas existem, mas não precisamos buscar causas externas se já há causas internas suficientes. Ninguém precisa fazer trabalho para acabar com um amor de conto de fadas, porque isso não é amor, isso é paixão, tem prazo de validade. É evidente que o homem ficou com ela por um tempo enquanto estava bom e depois achou melhor terminar – aí, de vez em quando, sente falta dela e vai lá “fazer uma visita”. 

Enquanto nós acharmos que apego é amor, que paixão é amor, nós não aprenderemos a amar. O amor é incondicional, o amor não exige nada em troca. A gente pode até não gostar muito da pessoa, ter sérias discordâncias com ela em relação a algumas coisas – mas ama, faz o que deve ser feito, protege, ajuda quando o outro realmente precisa de ajuda, orienta, respeita, quer o melhor possível para a pessoa. E isso vale para qualquer relação. Um sentimento que exige reciprocidade pode ser qualquer coisa, mas não é amor.

É uma pena que as pessoas se iludam dessa maneira (e é normal, em nosso estágio), mas o amor entre duas pessoas é um sentimento construído aos poucos, requer mais de uma existência para se consolidar. E, justamente por ser uma construção, é mais bonito do que almas gêmeas ou conto de fadas, porque é um esforço próprio, uma superação de fraquezas, um constante auto-burilamento. Nós não conquistamos nada sem esforço. Nem amor.

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