Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

Jesus e a mulher pecadora

Jesus perdoou a mulher pecadora ou ela já havia se libertado dos seus erros? Muitos pensam que a mulher pecadora é Maria Madalena. Não há nenhuma evidência neste sentido. Não há nenhuma evidência de que Maria Madalena tenha sido prostituta. Mas um boato repetido muitas vezes toma ares de verdade…

Outros temas abordados neste vídeo são a cura do servo do centurião e a suposta ressurreição do filho da viúva de Naim, todos pertencentes ao capítulo 7 do Evangelho de Lucas. Este é o 10º vídeo, de uma série de 30 vídeos, em que analisamos o Evangelho de Lucas.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

CAPÍTULO 7

1. E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.
2. E o servo de um certo centurião, a quem muito estimava, estava doente, e moribundo.
3. E, quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo.
4. E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto,
5. Porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
6. E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado.
7. E por isso nem ainda me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará.
8. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
9. E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé.
10. E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo.

Depois do chamado “sermão da planície”, Lucas conta sobre a cura do servo do centurião. O centurião era o oficial romano de patente mais baixa, e como o nome indica, era responsável por cem soldados, embora este número pudesse variar.

Como você já sabe, a região dos judeus era, naquela época, dominada pelo Império Romano, e havia lá, na cidade de Cafarnaum, onde estava Jesus, uma guarnição de soldados romanos. Lucas nos conta que havia um centurião que tinha um servo, estimava muito este servo, e este servo (ou escravo) estava muito doente, moribundo.

Nós vemos, antes de mais nada, que Jesus promove uma cura à distância. Hoje nós conhecemos muitos centros espíritas que fazem atendimento à distância.

O centurião não se achava digno de receber Jesus em sua casa por conhecer os costumes judeus. Os judeus não podiam, por causa das suas regras de pureza, entrar na casa de um estrangeiro, pois os estrangeiros eram considerados impuros, e aquele que se misturasse com eles, que entrasse na casa deles, também se tornava legalmente impuro.

Lucas relata que Jesus ficou surpreso com a fé do centurião. E esta é uma das duas únicas vezes que os Evangelhos relatam surpresa em Jesus. A outra vez também se refere à fé, mas, ao contrário da grande fé demonstrada pelo centurião, que não exigia nem sequer a presença física de Jesus, o outro episódio em que Jesus ficou surpreso foi com a falta de fé dos homens de Nazaré, sua cidade natal, onde não lhe foi possível praticar muitas curas justamente pela falta de fé deles.

A falta da receptividade proporcionada pela fé impediu que Jesus promovesse mais curas em Nazaré. E a receptividade fora do comum por parte do centurião levou Jesus a promover essa cura à distância.

O centurião sabia que no mundo dos espíritos as inteligências superiores estavam a serviço do Cristo. Ele sabia que Jesus poderia movimentar as forças da natureza à distância e curar o seu servo.

Pastorino e Rohden nos oferecem uma tradução que nos dá uma ideia diferente.

Na parte em que o centurião fala que bastava Jesus dizer uma palavra e o seu servo ficaria curado, eles traduzem assim: “mas fala ao Verbo e meu criado ficará são”.

“Fala ao verbo”: – Que é o Verbo? O Evangelho de João começa assim:

“No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus”.

A Vulgata Latina, que é a tradução de São Jerônimo, traduz “Logos” por “Verbo”, então ficou assim:

“No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus”.

Muitos se baseiam nestas palavras de João para dizerem que Jesus é Deus. Mas a palavra grega “logos” é muito anterior ao Cristianismo. Heráclito de Éfeso, 500 anos antes de Jesus chamava de logos o espírito de Deus manifestado no Universo. Heráclito sugeria que o logos tivesse uma existência independente de um logos universal.

Tentando trazer essa ideia para o cristianismo, logos seria o Deus imanente, o Deus em cada um de nós, a partícula divina em nós, é o Deus imanente em oposição à ideia de Deus transcendente.

Quando o centurião diz a Jesus para falar ao logos ele está pedindo que Jesus, o Cristo plenamente desenvolvido, o espírito que desenvolveu plenamente a sua potencialidade crística, mande ao Cristo interno do seu servo que o seu servo seja curado.

Segundo este pensamento, que o centurião demonstrava conhecer, todos nós temos o Cristo dentro de nós, todos nós temos a potencialidade crística. Aliás, como afirmou Jesus ao dizer que nós somos deuses (João 10:34) e que nós poderíamos fazer as mesmas coisas que ele fazia e até maiores (João 14:12).

Deus ou o Cristo interno está dentro de cada um de nós e compete a nós desenvolvê-lo. Todos nós somos filhos de Deus, creados à imagem e semelhança de Deus, portanto, perfectíveis.

Cada um de nós pode e deve desenvolver a sua potencialidade divina. Um dia, daqui a bilhões de anos, seremos espíritos como Jesus, teremos anulado a nossa personalidade egoística e desenvolvido a nossa individualidade divina.

Só o desconhecimento de outras correntes de pensamento ou a intenção inconfessável de adquirir maior autoridade entre os antigos povos pagãos pôde transformar Jesus em Deus. Jesus é Deus como nós somos deuses, somos partículas de Deus, mas Jesus, como ele mesmo deixou claro, não é o Deus creador do Universo.

Simbolicamente, este episódio da cura do servo do centurião representa o espírito encarnado que tem domínio sobre a matéria (representada pelo servo), pelo seu encontro com o seu Cristo interno. Sabe que não precisa ir em busca de Deus nem exigir infantilmente que Deus venha até ele. Sabe que tem Deus dentro de si, e que o seu contato com Deus, com o seu Cristo interno, o mantém como senhor das coisas materiais e que com isso não precisa se preocupar com estas coisas. Todas as coisas são sanadas, são purificadas pelo seu contato com o seu Cristo interno.

11. E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão;
12. E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
13. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
14. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar.
15. E entregou-o à sua mãe.
16. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.
17. E correu dele esta fama por toda a Judéia e por toda a terra circunvizinha.

 Jesus, pelo seu grande desenvolvimento espiritual, certamente notou que o espírito do jovem não havia se desprendido completamente do corpo, que o cordão de prata ainda não havia se rompido, e que, portanto, havia possibilidade de o espírito voltar a animar o corpo. Essa possibilidade apenas deixa de existir quando o cordão de prata, que é um conjunto de incontáveis fios energéticos que ligam o perispírito ao corpo físico, se rompe.

O cordão de prata é citado até mesmo na Bíblia, no Eclesiastes:

“Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Eclesiastes 12:6-7

São incontáveis os casos de EQMs ou experiências de quase-morte, em que é declarada a morte clínica e, no entanto, o corpo volta a ser animado pelo espírito e a pessoa relata a sua experiência enquanto esteve com a consciência fora do corpo. Noventa e cinco por cento das culturas no mundo relatam EQMs. Nos EUA mais de oito milhões de pessoas já relataram EQMs.

Indicamos neste sentido a obra do psiquiatra e parapsicólogo Raymond Moody. O Dr Russel Norman Champlim, eminente estudioso e comentarista da Bíblia, que é protestante, é também um entusiasta do estudo das EQMs.

É claro que o jovem não havia morrido, ele estava num estado como o que hoje conhecemos como catalepsia ou letargia. Hoje ainda há inúmeros casos de pessoas que são dadas como mortas e que no velório ou mesmo depois do enterro se descobre que não haviam morrido.

As Leis de Deus jamais são burladas. Se houvesse como passar por cima das Leis de Deus elas não seriam perfeitas, e então Deus não seria perfeito, e, se Deus não fosse perfeito, já não seria Deus.

Jesus, como espírito mais evoluído da Terra, responsável pelo nosso planeta, conhece todas essas Leis, e pelo seu poder e sua Vontade emitiu em direção ao jovem de Naim fluidos vitalizantes capazes de permitir que o espírito reanimasse o corpo. É natural que isso, naquela época, fosse considerado um milagre. Mas hoje, com os avanços da ciência e a proliferação da informação, nós tomamos conhecimento de fatos semelhantes a toda hora, e só a teimosia em se manter na ignorância é que continua achando que Jesus iria contrariar as Leis de Deus para favorecer alguém.

Todos os atos de Jesus foram milenarmente planejados para que essas imagens chegassem até nós. Os fatos ocorreram realmente, mas sua importância é secundária. A verdadeira importância dos atos da vida de Jesus narrados nos Evangelhos é o simbolismo que se esconde por trás deles e que foram cuidadosamente arranjados de modo que atravessassem os séculos e chegassem até nós quando nós tivéssemos condições de compreender o que eles significam.

Esta cura de Jesus (pois que não se trata de ressurreição, mas de cura), simboliza o chamamento que o Cristo faz ao espírito que desistiu de viver, o espírito que desistiu de si mesmo, que se sente como morto, sem a mínima atividade, sem o menor contato com o mundo.

Ninguém está perdido para o Cristo. Jesus disse, noutra ocasião, que nenhuma das ovelhas que lhe haviam sido confiadas pelo Pai se perderia (João 10:26-30). As ovelhas a que ele se refere são os espíritos da Terra, pois Jesus é o espírito superior responsável pelos espíritos da Terra. Nenhum espírito, por mais morto que pareça para o mundo, por mais perdido que pareça aos olhos do mundo, está perdido para Jesus.

O chamado do Cristo é para todos. Todos serão atingidos por ele. O Cristo está dentro de cada um de nós, e quando nos damos conta desta Verdade renascemos para a Verdadeira Vida, nos levantamos para a Vida, e todos se espantam ao constatarem que alguém que parecia morto está vivo.

18.E os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
19. E João, chamando dois dos seus discípulos, enviou-os a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
20. E, quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João o Batista enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?
21. E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus, e deu vista a muitos cegos.
22. Respondendo, então, Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho.
23. E bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar.

Os discípulos de João Batista viram esta cura de Jesus, que para eles era uma ressuscitação, e foram contar a João Batista. João Batista estava preso por haver denunciado o adultério de Herodes com a mulher do irmão de Herodes, Filipe. É esta mulher, Herodíades, quem vai pedir, mais tarde, por intermédio de sua filha Salomé, a cabeça de João Batista.

João Batista sabia muito bem quem era Jesus. Eles eram parentes, provavelmente primos. Ele reconheceu Jesus quando ambos ainda estavam nos ventres de suas mães, conforme vemos no capítulo 1. Além disso, nos Evangelhos de Mateus e de João há várias passagens que deixam claro que João Batista sabia que Jesus era o messias prometido. João Batista sabia, melhor do que qualquer outro, da missão de Jesus.

É possível que João tenha mandado seus discípulos perguntarem a Jesus se era ele mesmo o messias para que os próprios discípulos de João se convencessem. Os discípulos de João eram críticos de Jesus, e João, prevendo que logo iria morrer, queria que os seus discípulos seguissem Jesus.

Por outro lado, é bem possível que João, fragilizado com a prisão, tenha duvidado. João, como sabemos, é Elias reencarnado. Mas o espírito encarnado não lembra de suas existências anteriores. Por maior que fosse a lucidez de João Batista, talvez ele estivesse descrente a respeito da sua própria missão e da missão de Jesus.

É quase certo que João, como todos os judeus, esperasse um messias político, um líder político e guerreiro que iria libertar o povo judeu do inimigo romano.

Todo o território dos judeus era dominado por Roma e isso era o maior motivo de revolta do povo e fomentava a expectativa de que Deus enviasse o seu messias para libertar o povo e devolver ao povo judeu a glória e o poder que ele julgava merecer. João, percebendo que as coisas não caminhavam para uma revolução política, pode ter duvidado.

Jesus responde citando trechos do livro do profeta Isaías, um dos livros da Bíblia, o mesmo citado na sinagoga de Nazaré (Lucas 4:17-21), e colocando em prática as suas citações. Responde com palavras e com fatos. Mas muitos não acreditaram em Jesus, e é possível que não só os discípulos de João Batista como muitos outros tenham considerado que o próprio João Batista fosse o messias, embora João tivesse negado isso. Até hoje, principalmente no atual Iraque, existem cerca de 100 mil seguidores do Mandeísmo, uma religião que venera João Batista como o messias.

Depois de citar Isaías, Jesus diz bem-aventurado é aquele que em mim se não escandalizar”, podendo ser traduzido como “feliz o que não tropeça em mim”.  O significado da palavra escândalo, do grego skandalon é tropeço, designando o ato de tropeçar numa armadilha. A quem Jesus estava se referindo?

Pode ser que ele estivesse se dirigindo aos discípulos de João Batista, que não acreditavam que ele fosse o messias, mas pode ser também que Jesus estivesse mandando um recado ao próprio João Batista, que havia fraquejado na convicção da sua missão.

Os discípulos de João preferiam continuar seguindo João, embora o próprio João Batista já tivesse dito a eles que era necessário que ele, João Batista, diminuísse, para que Jesus crescesse (João 3:30).

Temos o caso dos apóstolos João e André que eram discípulos de João Batista e decidiram seguir Jesus (João 1:37).

Mas outros preferiam continuar seguindo o precursor do mestre ao próprio mestre, assim como muitos hoje preferem seguir a Bíblia a seguir Jesus. Se escoram em passagens obscuras da Bíblia para alimentarem os seus preconceitos e se esquecem dos ensinamentos de Jesus. Ou prestam mais atenção ao seu líder religioso, seja de que religião for, deixando o ensinamento de Jesus em segundo plano.

24. E, tendo-se retirado os mensageiros de João, começou a dizer à multidão acerca de João: Que saístes a ver no deserto? uma cana abalada pelo vento?
25. Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes delicadas? Eis que os que andam com preciosas vestiduras, e em delícias, estão nos paços reais.
26. Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
27. Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, O qual preparará diante de ti o teu caminho.
28. E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele.
29. E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus.
30. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele.
31. E disse o Senhor: A quem, pois, compararei os homens desta geração, e a quem são semelhantes?
32. São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.
33. Porque veio João o Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio;
34. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores.
35. Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.

“Que saístes a ver no deserto: Uma cana abalada pelo vento?” – Provavelmente Jesus estava defendendo a fé e a confiança de João Batista, dizendo que a fé e a confiança de João eram firmes, que não eram como uma cana que qualquer vento poderia abalar. Jesus precisava defender João Batista para que a dúvida não se instalasse nas mentes frágeis dos que o seguiam. Jesus defende a autenticidade de João Batista e reafirma ser ele a reencarnação de Elias.

Jesus afirma que João é mais que um profeta, e que entre os nascidos de mulher não há profeta maior do que João Batista, mas que o menor no reino de Deus é maior do que ele.

Nascido de mulher é o espírito que ainda precisa reencarnar, o espírito que ainda não se libertou do ciclo reencarnatório. O espírito de João Batista precisou reencarnar para resgatar o seu erro cometido quando esteve reencarnado como Elias, em que mandou matar com a espada os 450 profetas de Baal.

O espírito que animou Elias e João Batista, como qualquer outro, teve que se sujeitar à Lei de causa e efeito. Matou pela espada e morreu pela espada. Matou pela espada quando foi Elias e morreu pala espada quando foi João Batista. Como disse Jesus, quem matar pela espada pela espada perecerá (Mateus 26:52).

Dentre os espíritos ainda sujeitos à reencarnação, João Batista era o maior. Mas mesmo o menor no reino de Deus, ou seja, no nosso próximo estágio evolutivo, é maior do que João Batista.

Logo depois Jesus faz uma crítica aos que reclamam de tudo, aos que acham tudo ruim, aos que veem defeito em tudo. Criticavam João por ser de hábitos severos e criticavam Jesus por não dar atenção às aparências.

Muitas pessoas consideradas pecadoras, como os publicanos e as prostitutas, seguiram Jesus, e os doutores da lei, que eram os que mais compreendiam as escrituras, desprezavam o seu ensinamento.

“A quem, pois, compararei os homens desta geração?” – Jesus está se referindo à geração de espíritos, não àquela geração humana da época. As características daquelas pessoas que conviveram com Jesus permanecem até hoje, Jesus não estava se referindo exclusivamente aos homens do seu tempo.

Jesus tem sob sua responsabilidade os espíritos da Terra, e os mesmos espíritos daquele tempo são os espíritos de hoje. Alguns já se libertaram, mas a geração a que Jesus está se referindo é à geração dos espíritos da Terra que são seus tutelados, as suas ovelhas.

Depois Jesus diz que “a sabedoria é justificada por todos os seus filhos”, pelos filhos da sabedoria, ou seja, pelos sábios. O que o sábio faz justifica a sua sabedoria, ou seja, é pelo fruto da sabedoria que se conhece o sábio.

Jesus está afirmando, como em tantas outras vezes, que o que importa são os frutos, que é pelo fruto que se conhece a árvore.

36. E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa.
37. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
38. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento.
39. Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
40. E respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre.
41. Um certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta.
42. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?
43. E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem.
44. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e os enxugou com os cabelos de sua cabeça.
45. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.
46. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento.
47. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
48. E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados.
49. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados?
50. E disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.

Vemos que o fariseu convidou Jesus para a sua casa e não ofereceu a Jesus a hospitalidade que era devida a uma pessoa importante, de quem se gostava muito. Era comum dar no visitante o beijo de boas vindas, era sinal de humildade beijar os pés do mestre, era prática comum que se ungisse a cabeça de uma visita importante com óleo. O fariseu não fez nada disso. E, além de não fazer isso, pensou mal de Jesus e pensou mal da mulher. Duvidou que Jesus fosse um profeta – lembrando que profeta era para eles o que hoje chamamos de médium, era um médium bastante desenvolvido.

O fariseu duvidou de Jesus e não prestou atenção no ato de humildade e carinho da mulher, apenas lembrou que ela era conhecida pelas suas faltas – talvez fosse uma prostituta.

A mulher não teve pudor e soltou os seus cabelos para enxugar as suas lágrimas que caíam nos pés de Jesus. A mulher que soltasse os cabelos em público era mal-vista, isso era considerado vergonhoso.

A parábola de Jesus, do credor que perdoou os dois devedores, representa justamente o tipo humano do fariseu e da mulher pecadora. O fariseu representa o espírito já relativamente evoluído, com bastante conhecimento intelectual, que sabe que comete poucos erros e que por isso mesmo não se preocupa em melhorar-se mais. Acha que já evoluiu suficientemente e torna-se frio. Abandonou as emoções, mas não desenvolveu os sentimentos.

Todos nós deveremos abandonar, um dia, as emoções, que são sinal de atraso espiritual. Mas para isso teremos que ter os sentimentos plenamente desenvolvidos. A mulher, ao contrário do fariseu, ainda não abandonou as emoções, mas através das emoções alcança o sentimento. Desenvolve o amor de um modo que o fariseu ainda desconhece por completo.

Isso reforça a lição que já sabemos de que não podemos confiar nas aparências. Um espírito intelectualmente desenvolvido, que conhece a moral mas não a pratica intimamente, pode ser evolutivamente inferior a um espírito que ainda recentemente cometia muitos erros, mas, pelos sentimentos já desenvolvidos, pela humildade e pelo amor, arrepende-se dos seus erros, conscientiza-se e transforma-se mentalmente.

Acontece com este espírito o que João Batista propunha com o seu batismo. Batismo que quer dizer mergulho. O mergulho dentro de si mesmo, para a conscientização e a mudança de mente, a mudança no padrão de pensamentos.

Aqui novamente Jesus diz “os teus pecados te são perdoados”. Jesus não perdoa a mulher pecadora. Jesus declara que os erros cometidos por ela (o sentido original da palavra pecado é erro) ficaram para trás, foram abandonados. Ela deixou para trás o seu passado de erros.

Ela mesma fez isso, não Jesus. Jesus não seria justo se perdoasse alguns e não perdoasse outros. E como espírito responsável pelo planeta, Jesus é todo Justiça.

Aqui Jesus está nos mostrando o que Pedro irá dizer mais tarde na sua epístola: “O amor cobre uma multidão de pecados” (1Pedro 4:8). O amor transforma o espírito, e o amor colocado em ação liberta dos erros, rearmoniza o espírito com a Lei de causa e efeito.

Jesus ainda diz: “A tua fé te salvou”. Lembramos que o Evangelho foi escrito em grego e que a palavra grega traduzida como fé é pistis, que passou para o latim fides, que quer dizer fidelidade.

O sentido original da palavra fé, como está no Evangelho, é de fidelidade, lealdade, obediência. Fé, aqui, não é crer. Não foi a crença da mulher que a salvou. Nem a crença em Deus, nem a crença em Jesus. Isso seria uma distorção do sentido com que a palavra fé foi usada por Jesus.

O que salvou a mulher foi a fidelidade às Leis de Deus, a obediência à consciência, que é onde estão gravadas as Leis de Deus, ou seja, o que a salvou foram os seus pensamentos, palavras e ações. Lembramos que o apóstolo Tiago disse que a fé sem obras é fé morta (Tiago 2:26), ou seja, não existe. Fé é fidelidade, lealdade, obediência.

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