Comportamento

O que acontece com o espírito do suicida?

suicida

Vamos tocar num assunto menos agradável que de costume, o suicídio.

Uma vez eu participava de um curso de educação espírita e o livro estudado era O céu e o inferno, de Allan Kardec. O capítulo do dia tratava dos suicidas, e o caso comentado era o do “suicida da samaritana”, um caso emblemático, sempre lembrado por todos, por que a certa altura o espírito comunicante, que havia se suicidado, diz que sentia os vermes a lhe roerem o corpo.

Nisso os estudantes fizeram seus comentários, alguns em tom de julgamento, e uma mulher começou a chorar. Depois de uns instantes perguntaram a ela o que foi e ela disse que o seu sobrinho tinha se suicidado há pouco tempo.

Houve tentativas de consolar a mulher, mas foi inútil.

No meio espírita nós costumamos criar estereótipos. Parece que tudo tem que seguir um mesmo padrão. Não é assim. Nenhum de nós vai experimentar as mesmas sensações na hora da morte, nenhum de nós vai ter a mesma experiência depois que desencarnarmos. Cada ser é um ser. A Lei é igual para todos, mas cada um vai experimentar a Lei de uma maneira.

Por que eu estou dizendo isso?

Porque ficou no imaginário popular espírita que o suicida fica preso ao corpo, e sente o corpo em putrefação, e os vermes roendo o seu corpo. Isso pode ser uma tendência. O suicida, geralmente não está fisicamente doente – não está passando pelo desligamento natural que ocorre quando nos aproximamos da morte pela doença, pelo enfraquecimento dos órgãos. Quem está em plena vitalidade física e tira a própria vida certamente vai ter problemas para se libertar da matéria densa.

Outro caso que se tornou uma regra no imaginário popular é que o suicida vai para o “vale dos suicidas”. Isso é relatado através da psicografia de Yvone do Amaral Pereira no livro Memórias de um suicida, que conta o caso do espírito Camilo Castelo Branco. Mas nós temos outro exemplo de suicida em Missionários da Luz, de André Luiz, em que o espírito que se suicidou passa por uma situação diferente – nada boa, mas bem diferente.

Não há regra. É evidente que o suicídio deve ser evitado. O suicídio não é solução para nenhum problema – pelo contrário, o problema se agrava. Os problemas que levaram ao suicídio permanecem. Se a pessoa está doente e sente muita dor, vai continuar sentindo dor; se a pessoa está terrivelmente endividada, vai continuar se sentindo endividada; se a pessoa passou por uma desilusão morosa, essa desilusão vai continuar – tudo isso agravado.

Muitas pessoas que me escrevem relatam o desejo ou pelo menos as ideias de suicídio. E as situações que elas contam não são situações tão desesperadoras. São problemas familiares, sentimentais, remorsos. É claro que para elas esses problemas são graves – mas olhando de fora são coisas normais, que nós sabemos que logo vão passar. Nada que uns 4 ou 5 anos não resolvam. O tempo cura tudo – principalmente quando nós nos ajudamos.

Então é evidente que o suicídio não é solução, pelo contrário. Mas o que eu quero chamar a atenção aqui é para os espíritas, principalmente para aqueles que tem alguma atividade no centro espírita. Será que a abordagem que geralmente fazemos deste tema – pintando ele com todos os horrores possíveis – será que essa é a melhor abordagem? Como é que ficam ao parentes dos suicidas ao ouvirem essas abordagens? Como é que se sentem os espíritos que se suicidaram, quando presentes a uma reunião no centro espírita?

A mensagem sempre tem que ser de esperança, porque sempre tem esperança. O suicida sofre, mas esse sofrimento também vai passar. Se ele tivesse resistido passaria mais depressa e mais facilmente, mas mesmo assim o sofrimento vai passar. Temos que cultivar a ideia de que somos responsáveis, mas não culpados. Todos cometemos erros. Não temos acesso ao nosso passado remoto para ver quanta barbaridade nós já cometemos.

O suicídio é um erro grave por que ele atenta contra o nosso bem mais precioso que é a vida, ele atenta contra a parte visível do nosso ser. E não há como não ser. Nós somos, nós existimos, e somos nós que fazemos esse existir ser bom ou mau. Tirar a própria vida é um ato extremo de desamor – e tudo o que nós precisamos para ser felizes e superar as dificuldades da vida é de amor. Tanto o suicida, como os seus familiares, como este assunto, de um modo geral, deve ser tratado com muito amor. É o único antídoto contra o desamor desse ato.

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