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O sexo na Bíblia e na Doutrina espírita

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O que a Bíblia e a Doutrina Espírita falam a respeito do sexo?

Essa é uma sugestão de vídeo que recebi em meu canal no Youtube:

Seu canal é incrível, parabéns. Eu gostaria de sugerir um tema. Existem – mesmo que poucos – jovens, adolescentes ou até mesmo pré-adolescentes que devem ter várias dúvidas sobre como, tanto no Espiritismo quanto na visão de Deus, é uma vida sexual que não seja condenada pelas Leis de Deus. Eu pessoalmente gostaria de saber o que VOCÊ tem a dizer sobre isso, tendo em vista que alguns dos seus vídeos realmente mudaram minha opinião e me trouxeram um conhecimento muito mais abrangente, até mesmo me aproximando mais com Deus. Creio que esse tema seja relevante principalmente para os jovens como eu, tanto porque nos tempos de hoje as coisas estão totalmente diferentes do que quando a Bíblia foi escrita, quanto pelo fato de que você possui um conhecimento muito superior sobre a Bíblia e que sanaria muitas dúvidas, obrigado desde já. DJPhantomGames

A Bíblia não me parece um bom parâmetro para concluirmos o que é certo e o que é errado em matéria de sexo – ou, como diria Paulo, “o que convém e o que não convém”.

Por quê? Por que a Bíblia não oferece um pensamento único. Os fundamentalistas tentam compreender e apresentar a Bíblia como um código coeso, mas não é assim. A Bíblia é um conjunto de livros de épocas diferentes, escritos em contextos diferentes. Os autores da Bíblia sofreram as influências da época, influências dos lugares em que viviam e dos povos que habitavam esses lugares.

E a Bíblia é essencialmente machista; o elemento masculino é gritantemente predominante na Bíblia. Como o sexo é comum a homens e mulheres, as mulheres não são muito beneficiadas numa análise bíblica do sexo. A mulher, para os antigos israelitas, era pouco mais que um objeto, era um bem. No capítulo 31 de Números nós vemos houve uma batalha contra os midianitas. Os israelitas vencem a batalha e matam todos os homens adultos. Moisés fica furioso porque eles deixaram todas as mulheres vivas, e manda matar as mulheres e as crianças do sexo masculino – deixam somente as meninas, as virgens – para serem usadas pelos homens.

No comecinho da Bíblia, quando conta a história de Adão e Eva, nós vemos ainda o sexo de uma forma ideal: Quando Adão mantém relações sexuais com Eva é dito que Adão “conheceu” Eva – isso denota intimidade, reciprocidade, uma mútua descoberta.

A Bíblia proíbe o adultério, proíbe as relações incestuosas, proíbe a homossexualidade – a respeito da homossexualidade na Bíblia, especificamente, se for do seu interesse eu recomendo o meu vídeo Homossexualidade na Bíblia.

A moral que guiava os israelitas era muito duvidosa. Na história de Sodoma e Gomorra, Lot defende os dois anjos dos homens que queriam fazer sexo com eles. Até aí tudo bem. Mas a proposta de Ló é oferecer aos homens as suas duas filhas virgens para que eles fizessem o que quisessem com elas. Nós poderíamos pensar que isso era um costume muito antigo, já que se passou muito antes de Jesus. Mas Pedro, na sua epístola, se refere a Lot como homem justo – quer dizer: o abuso de uma mulher era um mal menor.

Há vários casos de relações incestuosas na Bíblia, algumas justificadas, outras não. Há o caso de Absalão e Tamar, um irmão que estuprou a própria irmã, ambos filhos de Davi.

Como era um mundo essencialmente masculino, a mulher jamais poderia ter mais de um homem, mas o homem podia ter várias mulheres. Salomão teve 300 mulheres e 700 concubinas.

A mulher menstruada era considerada impura, e tudo o que ela tocasse também se tornava impuro. Talvez a origem desse cuidado esteja vinculado a questões de higiene – como a circuncisão, que é cortar o prepúcio do pênis, talvez em sua origem houvesse uma motivação sanitária.

Mas o órgão sexual masculino era muito importante para os antigos israelitas. Nós sabemos que muitos povos antigos tinham representações fálicas. Na África alguns povos faziam montes de terra em forma de falo (em forma de pênis) para representar Exu.

E há uma passagem no Gênesis em que Abraão manda o seu servo colocar a mão debaixo da sua coxa para fazer um juramento. “Colocar a mão debaixo da coxa” é um eufemismo para dizer que Abraão mandou o seu servo agarrar as suas partes sexuais. Mais tarde José também jura colocando a mão debaixo da coxa de Jacó.

Há outra passagem que diz que quando dois homens brigarem e a mulher de um deles, para defender o seu marido, agarrar o outro pelas suas partes íntimas, a mão dela deve ser cortada – para ver a importância do órgão masculino no pensamento israelita. 

Outra curiosidade: Moisés, antes de subir ao monte Sinai, para se comunicar com Deus, proíbe os homens de manterem relações sexuais. Vemos claramente a importância da preservação da energia.

Tem uma passagem no Gênesis em que Judá pede a seu filho Onã que se case com a mulher do seu irmão que havia morrido – é a lei do levirato: quando um homem morresse sem ter deixado descendência, o seu irmão tomaria a viúva para dar descendência ao irmão falecido. O filho que fosse gerado era considerado como descendente do falecido.

Onã, sabendo que o filho que fosse gerado não seria considerado seu herdeiro, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência ao seu irmão. Do nome Onã deriva a palavra “onanismo”, que quer dizer coito interrompido – hoje se usa essa palavra, às vezes, como sinônimo de masturbação, mas ela se refere especificamente ao coito interrompido. O Gênesis diz que Deus matou Onã por isso. E isso gerou muita discussão: por que Deus matou Onã? É evidente que Deus matou Onã porque ele se negou a gerar descendência para o seu irmão, ele descumpriu a lei. Mas alguns viram isso como uma proibição para a masturbação, contra os métodos anticoncepcionais, contra qualquer outra modalidade sexual – mas isso é imaginação deles.

Não há nenhuma proibição na Bíblia contra qualquer modalidade sexual entre um homem e uma mulher. Há alguma coisa contra a homossexualidade (que eu trato num outro vídeo, especificamente sobre este tema) e tem essa passagem de Paulo: “Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro.” Coríntios 1:26-27

“Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza” – não há como saber, aqui, se Paulo está se referindo à homossexualidade feminina, que seria contrária à natureza, ou se Paulo está se referindo ao sexo anal – nesse caso, as mulheres teriam mudado o uso natural, que é o sexo vaginal, para o sexo anal, que é contrário à natureza. De qualquer forma, isso é opinião de Paulo. Quem tem a Bíblia como palavra de Deus tem que obedecer toda ela (pelo menos em tese) – e isso é impossível porque há muita contradição. O próprio Paulo foi conivente com a morte de Estevão, mas a Lei de Deus diz “não matarás”.

Paulo também recomenda que a mulher satisfaça o marido e que o marido satisfaça à mulher. Um não deve se negar ao outro a não ser de comum acordo: “Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos juntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” 1 Coríntios 7:5

Vejamos esse poema de Salomão:

Que formosos são os teus passos dados de sandálias, ó filha do príncipe! Os meneios dos teus quadris são como colares trabalhados por mãos de artista.

O teu umbigo é taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre é monte de trigo, cercado de lírios.

Os teus dois seios, como duas crias, gêmeas de uma gazela.

O teu pescoço, como torre de marfim; os teus olhos são as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz, como a torre do Líbano, que olha para Damasco.

A tua cabeça é como o monte Carmelo, a tua cabeleira, como a púrpura; um rei está preso nas tuas tranças.

Quão formosa e quão aprazível és, ó amor em delícias!

Esse teu porte é semelhante à palmeira, e os teus seios, a seus cachos.

Dizia eu: subirei à palmeira, pegarei em seus ramos. Sejam os teus seios como os cachos da vide, e o aroma da tua respiração, como o das maçãs.

Os teus beijos são como o bom vinho, vinho que se escoa suavemente para o meu amado, deslizando entre seus lábios e dentes.

Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim.

Vem, ó meu amado, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias.

Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor.

Isso é atribuído a Salomão, quase mil anos antes de Jesus. Não vemos nada de proibitivo aqui, pelo contrário. É que os autores dos livros que compõe a Bíblia são diferentes, então as opiniões obviamente são diferentes.

O que é que o Espiritismo fala sobre o sexo?

Muita coisa, mas também é tudo opinião dos seus autores. Você pode pensar diferente – você pode pensar que a DOUTRINA espírita tem um posicionamento bem definido sobre o tema – não tem. Tem opiniões de espíritos encarnados e desencarnados. A Doutrina defende a monogamia e o amor. Isso está bem assentado. O resto é opinião.

Particularmente eu tenho convicção de que o sexo, a relação sexual, existe para a procriação. A razão se existir do sexo é a procriação. O sexo é o meio através do qual um espírito acessa o plano físico para um período de experiência.

Por que nós temos o sexo como uma prática normal, corriqueira? Há duas hipóteses: ou nós nos degeneramos, muitos milênios atrás – em algum momento nós começamos a abusar do poder do sexo, abusar da energia sexual, nos viciamos e nos degeneramos, perdemos grande parte das nossas energias – veja bem, é energia capaz de materializar um espírito, gerar um corpo físico para um espírito – isso não é pouca coisa; ou nós ainda teremos que nos adiantar muito, teremos que progredir muito até abrir mão do sexo sem fins procriativos.

É claro que eu estou falando de ideal – o sexo existe para a procriação do mesmo modo que todos nós coexistimos para nos ajudar uns aos outros. E está muito longe, ainda, o dia em que todos os habitantes da Terra se ajudarão naturalmente uns aos outros, movidos por puro amor, do mesmo modo que está longe o dia em que nós praticaremos sexo exclusivamente para fins procriativos.

Não vejo nada de errado em quaisquer modalidades sexuais entre duas pessoas que se amam. Achar que determinadas partes do corpo são mais nobres ou menos nobres para o sexo ou normatizar o sexo a partir de noções de higiene me parece herança de culturas ultrapassadas. Nós temos condições de higiene que eles não tinham na época, então não podemos tomar por base os cuidados que eles tinham. Se o casal envolvido está de acordo, se os dois estão satisfeitos com a prática sexual, qual é o problema? Uma determinada modalidade sexual não afeta a moral da pessoa que a pratica.

Para ler também: Espiritismo e o sexo casual

Se não houver amor, deve haver pelo menos respeito – nós temos que ter em mente que o sexo envolve muita energia, uma relação sexual é uma poderosa troca de energias. E o que há nas diferentes modalidades sexuais são diferentes trocas de energia. Cada região do nosso corpo está associada a um chacra (ou “centro de força”, como prefere André Luiz), cada chacra é responsável por determinada faixa energética – é só isso, o resto são tabus.

Há uma confusão entre o chacra básico e o chacra sexual – são chacras diferentes. Essa confusão se deve ao medo de tratar de questões sexuais no mundo ocidental. Geralmente quando nós vemos uma representação dos 7 chacras principais nós vemos o chacra básico, lá na região do períneo, (entre o ânus e os genitais), e depois o chacra esplênico, na região do baço. Mas o chacra sexual, no baixo ventre, é que está ligado diretamente à geração da vida. É ali que estão as nossas energias criadoras – e lá embaixo, lá no períneo, está o chacra básico, que nos liga às energias da Terra, às energias mais densas, mais materiais.

Por isso o cuidado que se deve ter em relação ao sexo casual – não se trata de moralismo, mas de proteção a si mesmo e de respeito pelo próximo. Vou dar um exemplo claro: a prática de sexo anal com um parceiro casual – falando em termos de energia, há uma troca e uma mistura de energias sexuais, criadoras, plasmadoras, com energias densas, materiais, telúricas. As energias, em si mesmas, são neutras. A energia material, no seu aspecto positivo, é segurança, é pé-no-chão, é firmeza; no seu aspecto negativo, é egoísmo, insegurança, e outras coisas piores. Numa relação casual nós não conhecemos o parceiro, a parceira, não sabemos que tipo de pessoa é, a sua índole, o tipo de energia dessa pessoa. Nós corremos o risco de estar criando para nós mesmos um ambiente psíquico muito desarmonioso.

A palavra-chave, como em tudo na vida, é equilíbrio. Nós vivemos num planeta maravilhoso, que dá algum trabalho, que exige esforço, mas que nos dá muito prazer – e não há nada de errado com o prazer. O prazer deve nos servir, e não nós servirmos ao prazer.

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