Perguntas dos leitores

Será que sou médium?

medium

Morel Felipe Wilkon

É comum que pessoas que se deparam com características que fogem ao padrão considerado normal se perguntem: – “Será que sou médium?” – A resposta deve ser buscada através do estudo e do esclarecimento do que seja a mediunidade. O leitor João Jacob nos fez uma pergunta neste sentido.

Tenho um “problema” que começou aos meus 15 anos de idade: dá uma espécie de apagão na minha vista, cerca de segundos e depois volta ao normal. Fui no médico e não acho nada, então conversei com um médium pela internet e ele me disse que tenho mediunidade.
Fui a um centro espírita e perguntei, falei sobre eu não querer ajudar dessa forma, sempre gostei de ajudar, mas hoje não me vejo com vontade de estar em um centro. Então ela me disse resumidamente que ou eu ajudo lá ou minha vida cai em um buraco.
Só fui ouvindo e pensei comigo: todo o meu trabalho justo, tudo que fiz de bom, que suei pra ter, Deus vai me tirar porque não fui a um centro espírita. Gosto muito do espiritismo, mas do jeito que a mulher falou achei muito injusto e não concordei, Deus não é cruel dessa forma. Estou lendo livros pra aprender mais sobre o espiritismo e tentando melhorar como pessoa dia após dia. Se puder, dê sua opinião, muito obrigado.

mediunidade
Será que sou médium?

– João, é preciso esclarecer que qualquer doença não identificada ou diagnosticada pelos médicos não quer dizer que se trate de mediunidade. De jeito nenhum!

A medicina é um exercício tão sujeito a falhas quanto qualquer outro. O espírito é complexo demais para ser pensado como uma máquina.

Não sei onde você foi e com quem você falou. Acredito que esse “diagnóstico espiritual” tenha sido muito apressado. E, de qualquer modo, não se deve expor a situação da maneira como ela foi exposta a você.

É bom que você estude, que se esclareça por sua própria vontade. Isso o ajudará a discernir o que merece e o que não merece credibilidade. Espíritas são pessoas, e pessoas são falíveis.

Quando se sentir disposto, procure atendimento em outro centro espírita, em que você se sinta bem, e relate novamente este seu problema, sem mencionar que já recebeu opinião a respeito.

Muitas vezes ocorre que um espírito reencarne com alguma doença ou com uma característica qualquer que tenha a finalidade de chamar a sua atenção para o fenômeno mediúnico. Não podemos misturar Deus com nossos pequenos problemas pessoais. Deus não cuida de nós individualmente, nos recompensando ou castigando de acordo com o nosso merecimento. Deus se manifesta através das suas Leis, e essas Leis são perfeitas. A Lei de causa e efeito é Lei de Deus. Somos o resultado de nós mesmos. Todos cometemos inúmeros erros no passado. Basta observar a História e constatar as barbaridades que foram cometidas ao longo de milênios de civilização. A História foi escrita por nós. Nós, espíritos imortais que somos, já animamos muitos corpos, muitas personalidades, já vivenciamos diversos períodos da humanidade, e todos os erros cometidos pela humanidade são erros nossos.

Alguns de nós recebem a oportunidade de trabalhar a favor do próximo através da mediunidade. Existem incontáveis maneiras de sermos úteis ao próximo; a mediunidade é apenas uma delas. Mas é importante perceber que não recebemos determinadas chances aleatoriamente. Nossas oportunidades obedecem às nossas próprias características. Um espírito que foi poeta ou artista em várias reencarnações não irá reencarnar com a tarefa de fazer uma revolução na base da força. Um espírito que se notabilizou em várias existências como comerciante, industrial ou grande empreendedor, não irá reencarnar com a tarefa de criar um novo método de ensino. As tarefas que nos são atribuídas estão de acordo com os conhecimentos e experiências que adquirimos ao longo de inúmeras existências, estão de acordo com as facilidades que adquirimos pela assimilação de determinadas práticas.

Ninguém reencarna com a tarefa da mediunidade por acaso. Aliás, acaso não existe. A mediunidade é desenvolvida através de várias existências, em que lidamos, conscientemente ou não, com nossos poderes psíquicos e com as relações entre os dois planos, físico e astral. Os grandes médiuns são espíritos que há muito tempo se ocupam com as possibilidades psíquicas e mediúnicas. Mesmos os que voltam ao plano físico preparados tecnicamente pelos espíritos trabalhadores para desempenharem uma tarefa mediúnica, embora recebam este preparo como um favor, como um empréstimo de recursos, já têm uma bagagem de experiências psíquicas e mediúnicas em seu currículo.

Assim, se alguém reencarna com o compromisso da tarefa mediúnica, não é a Deus que deve culpar, mas é em si mesmo e em seus compromissos pretéritos que deve buscar explicações. Como não lembramos do compromisso firmado no plano astral antes de reencarnarmos, o acreditar ou não na realidade deste compromisso fica por conta de cada um.

Repito que o seu diagnóstico me parece apressado e que você deve buscar uma informação mais segura, baseada principalmente em seus próprios estudos e conclusões. As respostas de que precisamos sempre estão dentro de nós. O que outros podem fazer é facilitar o acesso a essas respostas.

Mas se há compromisso é de esperar-se que ele seja cumprido. Se ele não for cumprido, não é Deus que irá fazer você “cair no buraco”. Somos nós mesmos que, relutando em não levar adiante os compromissos assumidos para esta existência, nos desequilibramos, ou, mais comumente, nunca alcançamos o equilíbrio desejado. E isso porque o médium não é um benfeitor da humanidade, o médium não é um missionário, o médium não é uma pessoa mais importante que as outras, o médium não é sinônimo de pessoa caridosa. A caridade que o médium faz, em primeiro lugar, é a ele mesmo. É ele próprio quem necessita de equilíbrio e proteção espiritual. E isso ele conquista ajudando o próximo.

Leia o artigo Mediunidade não é dom

Deus não nos tira nada, porque, na verdade, nada é nosso, tudo é de Deus. Deus nos concede empréstimos, Deus permite que usufruamos de bens terrenos, mas nada disso nos pertence. Nem nossos conhecimentos, nem nossa pretensa sabedoria, nem nossas aquisições morais, nem as poucas coisas boas que conseguimos fazer, nada disso nos pertence. O que fazemos de bom é apenas manifestação de Deus, porque Deus é todo o Bem. E o que conquistamos intelectual e moralmente é apenas a assimilação de uma ínfima parte da natureza divina, que está à disposição de todos nós, como o oxigênio ou a água do mar. Podemos respirar o quanto quisermos, mas o ar continuará sendo de Deus. Podemos pegar a água do mar com um copo ou com um balde, de acordo com a nossa capacidade, mas a água continuará sendo de Deus.

Sei de casos de pessoas que foram prematuramente diagnosticadas como médiuns, e que talvez o fossem realmente, mas que naquele momento estavam precisando apenas de um longo tratamento e de um cuidadoso processo de conscientização e mudança. Mas também conheço casos de pessoas que teimaram a vida inteira em não desenvolverem, estudarem e trabalharem com a mediunidade e que não encontraram paz. Em nenhum dos casos se pode culpar Deus. Os que aceitaram o diagnóstico apressado de que eram médiuns deveriam ter estudado mais e concluído por si mesmas; os que não atenderam aos seus compromissos mediúnicos não o fizeram porque não quiseram.

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