Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

O que é o filho do homem?

Você sabe o que quer dizer a expressão “filho do homem”, citada nos Evangelhos? O filho do homem é o homem em seu próximo estágio evolutivo, que é o reino de Deus. Assim como há os reinos mineral, vegetal e mineral, nós estamos no reino hominal e chegaremos ao reino de Deus, que é quando o espírito predomina sobre a matéria. Além deste tema, este vídeo trata da cura do homem com a mão atrofiada e da tradição de guardar o sábado, todos abordados no início do capítulo 6 do Evangelho de Lucas. Este é o 7º vídeo de uma série de 30 vídeos em que analiso e interpreto o Evangelho de Lucas a partir do conhecimento espírita.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

CAPÍTULO 6

1. E aconteceu que, no segundo sábado após o primeiro, passou pelas searas, e os seus discípulos iam arrancando espigas e, esfregando-as com as mãos, as comiam.
2. E alguns dos fariseus lhes disseram: Por que fazeis o que não é lícito fazer nos sábados?
3. E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nunca lestes o que fez Davi quando teve fome, ele e os que com ele estavam?
4. Como entrou na casa de Deus, e tomou os pães da proposição, e os comeu, e deu também aos que estavam com ele, os quais não é lícito comer senão só aos sacerdotes?
5. E dizia-lhes: O Filho do homem é Senhor até do sábado.

Os discípulos de Jesus certamente o seguiam há bastante tempo, e estavam com fome. A lei proibia qualquer trabalho ao sábado, que era o dia reservado a Deus. Criou-se, então, uma série de regras sobre o que podia e o que não podia fazer no sábado. Mas não era proibido debulhar as espigas para comer.

Alguns fariseus provavelmente seguiam Jesus, o espionando, para ver se achavam algo que servisse de pretexto para acusá-lo, pois a sua hipocrisia estava sendo desmascarada por ele. Estes fariseus censuraram os discípulos de Jesus porque eles estavam arrancando espigas.

Não que não pudessem comer, mas porque era sábado, e sábado era o dia sagrado, o dia do Senhor, o dia do descanso. No êxodo, que é o segundo livro da Bíblia, está escrito que quem não guardar o sábado será punido com a morte (Êxodo 31:15; 35:2).

Jesus responde aos fariseus lembrando um episódio ocorrido com Davi, mil anos antes, narrado no livro de Samuel, um dos livros da Bíblia, em que Davi e alguns companheiros seus fugiam de Saul, que queria matar Davi.

Como estavam com fome, Davi pede pão ao sacerdote, e o sacerdote diz que não tem pão comum, só o pão consagrado, que era permitido apenas para os sacerdotes. Mas ele dá os pães a Davi e aos seus companheiros por se tratar de uma necessidade especial (1 Samuel 21:1-6).

Jesus está dizendo que a necessidade do homem é maior do que a importância de guardar o sábado. Jesus diz que o “filho do homem” é senhor do sábado.

A maior parte dos religiosos acha que Jesus está querendo dizer que ele é o senhor do sábado porque ele é Deus, então foi ele quem inventou o sábado. Mas não tem nada disso. Jesus nunca disse que era Deus. Transformaram Jesus em Deus para dar mais credibilidade à religião no Império Romano.

O que Jesus está dizendo é claro, no Evangelho de Marcos ele fala isso com todas as letras: “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”.

A expressão “filho do homem” também é alvo de inúmeras interpretações e especulações. A maioria faz referência ao livro de Daniel 7:14 e imaginam o filho do homem como um ser celeste.

“Filho de” é uma expressão semítica, uma expressão daquele povo para designar o fruto, o proveniente, o descendente de alguma coisa.

Os amigos do noivo, na festa de casamento, são chamados os “filhos da câmara nupcial” ou “filhos das bodas” (Lucas 5:34), os sábios são chamados “filhos da sabedoria” (Lucas 7:35), o pacífico é chamado “filho da paz” (Lucas 10:6), os mundanos são chamados “filhos deste mundo” e os iluminados são chamados “filhos da luz” (Lucas 16:8).

O filho do homem é o homem em seu próximo estágio evolutivo, é o homem espiritual, é o homem que se conscientizou de sua natureza divina, é o homem novo de que nos fala o apóstolo Paulo.

O mineral é do reino mineral, o vegetal é do reino vegetal, o animal pertence ao reino animal, o homem pertence ao reino hominal e o filho do homem pertence ao reino de Deus ou, para Mateus, “reino dos céus”.

O filho do homem é o homem espiritual, o homem em que predomina o espírito e o interesse pelas coisas do espírito.

Então, quando Jesus diz que o filho do homem é o senhor do sábado, ele está dizendo que o homem espiritual, o homem em que predomina o interesse pelas coisas do espírito, não está submetido a questões dogmáticas de livros antigos. A sua natureza divina e a consciência desta natureza são muito maiores do que qualquer livro ou tradição religiosa.

6. E aconteceu também noutro sábado, que entrou na sinagoga, e estava ensinando; e havia ali um homem que tinha a mão direita mirrada.
7. E os escribas e fariseus observavam-no, se o curaria no sábado, para acharem de que o acusar.
8. Mas ele bem conhecia os seus pensamentos; e disse ao homem que tinha a mão mirrada: Levanta-te, e fica em pé no meio. E, levantando-se ele, ficou em pé.
9. Então Jesus lhes disse: Uma coisa vos hei de perguntar: É lícito nos sábados fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?
10. E, olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele assim o fez, e a mão lhe foi restituída sã como a outra.
11. E ficaram cheios de furor, e uns com os outros conferenciavam sobre o que fariam a Jesus.

 Lucas relata mais um episódio ocorrido num sábado, em que os fariseus, mais uma vez, buscavam motivo para acusar Jesus. Eles esperavam que Jesus descumprisse qualquer lei abertamente, sem desculpa ou atenuante, para poderem acusá-lo formalmente.

Jesus, como espírito mais elevado neste planeta, era um telepata perfeito, lia os pensamentos de todos. Percebia as suas malandragens antes que eles as manifestassem e não dava ocasião para que o pegassem agindo ostensivamente contra a lei.

Vemos que Jesus costumava ir aos sábados para ensinar na sinagoga, provavelmente como rabino visitante – semelhante a um pregador que é convidado, por costume, a pregar numa igreja.

Nesta ocasião havia na sinagoga um homem com a mão seca – outros dizem com a mão descarnada, ou com a mão atrofiada. Lucas diz que era a mão direita, a mão da ação. O homem estava sem ação, estava impedido se agir, de trabalhar, de ser útil.

Os fariseus estavam de olho em Jesus para ver se Jesus iria curá-lo, pois era proibido curar no sábado. Se Jesus fizesse qualquer coisa eles teriam uma acusação formal contra ele. Jesus disse para o homem: Levanta-te, e fica em pé no meio”.

Jesus pergunta aos que estavam lá, certamente dirigindo-se aos fariseus: É lícito nos sábados fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou matar?”– Se os fariseus dissessem que era permitido fazer o bem, estariam autorizando Jesus; se eles dissessem que era permitido fazer o mal, o povo ficaria contra eles.

Jesus pergunta sobre salvar a vida ou matar, pois é óbvio que os fariseus já tramavam para matá-lo, e ele sabia disso.

Jesus chama o homem para o centro, para o meio de todos. Aquele homem, aquele espírito encarnado, estava impedido de agir; ele representa a inação provocada pela rigorosidade da lei, da lei religiosa, dos dogmas, do fato seguir ao pé da letra o que está escrito na Bíblia, sem perceber que todas as leis tiveram um motivo para serem criadas, mas que se este motivo não existe mais ou se existe outro motivo mais forte do que ele, não há por que ficar preso, ficar sem ação, atrofiar a ação por causa de uma lei que foi feita em benefício do próprio homem.

Pois o sábado foi feito para o homem, não para Deus. Deus não precisa do sábado. Todas as leis bíblicas foram feitas para o homem, não para Deus. As leis de Deus são leis cósmicas eternas, perfeitas, imutáveis, não têm nada a ver com uma legislação que foi feita exclusivamente para um povo seminômade há mais de 3000 anos.

A religião pode atrofiar as mentes e impedir a ação útil e construtiva. É o que acontece com as pessoas que seguem as suas tradições religiosas à risca, como os atuais fundamentalistas de todas as denominações religiosas. A atrofia mental ocasionada pelo rigor fundamentalista os faz esquecem-se da principal característica que os diferencia dos animais: a capacidade de raciocinar.

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Foi preciso coragem para aquele homem aproximar-se de Jesus. Ele sabia que estava desagradando os líderes religiosos. Este espírito saiu da inação para ir para o centro, no meio de todos, expor-se para recuperar a ação.

Jesus olhou para todos e disse ao homem: “Estende a tua mão”. – Jesus não descumpriu a lei, pois não fez nada, apenas falou. E o homem estendeu a mão e ela ficou normal.

No Evangelho de Marcos consta que os fariseus, depois disso, procuraram os herodianos para juntos tentarem destruir Jesus. Os herodianos eram os partidários de Herodes, chamado rei. Os herodianos eram aqueles que tinham interesses políticos no governo de Herodes, apoiavam o governo em troca de benefícios.

Fariseus e herodianos eram inimigos ferrenhos, e se uniram para tentarem destruir o inimigo que tinham em comum, Jesus. Até hoje as grandes igrejas ou denominações religiosas fazem negociatas com os governantes para protegerem os seus interesses mesquinhos.

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Quando Jesus manda o homem levantar-se, nós estamos diante de um reerguimento não apenas físico, mas espiritual. E é claro que não se trata de nenhum milagre. Jesus não precisava derrogar as leis de Deus, que são perfeitas, para poder agir.

Para produzir a cura são necessários dois fatores: A vontade e capacidade do emissor e o merecimento e receptividade por parte do doente.

Jesus tinha Vontade e Amor, e emitia de si mesmo fluidos altamente purificados para o corpo astral do enfermo.

É possível que este homem estivesse obsediado, que um espírito obsessor ou vampirizador estivesse impedindo o acesso dos fluidos vitais à sua mão, tornando-a atrofiada.

De qualquer modo, a cura se dá pela substituição de uma célula doente por uma célula sã. É importante lembrar que a cura ocorreu porque houve receptividade por parte do homem. Ele tinha fé suficiente para receber os fluidos emitidos por Jesus.

Nós vemos noutra passagem que Jesus, ao visitar sua cidade, Nazaré, não pode realizar muitas curas por causa da falta de fé das pessoas (Mateus 13:58; Marcos 6:5). A fé produz a receptividade necessária.

Outro ponto importante é o merecimento. Em outras ocasiões, quando Jesus diz “teus pecados estão perdoados”, propusemos traduções que estão mais de acordo com o ensinamento de Jesus, traduções que não contradigam a assertiva de Jesus: “A cada um segundo as suas obras”. O que normalmente traduzem como “perdão dos pecados” é melhor traduzido como “abandono dos erros”, deixar os erros para trás”, “libertação dos erros”, ou, como prefere Pastorino, “resgate dos erros”.

O homem da mão mirrada provavelmente também já havia resgatado os seus erros, ou abandonado o seu passado de erros, e era merecedor da cura. Jesus só curaria alguém que não fosse merecedor, que estivesse ainda em débito com as leis divinas, se houvesse uma razão especial para isso. É ridículo acreditar que Jesus saísse por aí curando aleatoriamente. Ridículo e injusto. Por que uns seriam beneficiados com a cura e outros não? O simples fato de Jesus visitar determinadas cidades em detrimento de outras já denotaria parcialidade.

Mas, como diz o apóstolo Pedro, “o amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pedro 4:8). Se o espírito está arrependido e disposto a compensar os seus erros agindo em benefício do próximo, sua consciência o liberta da colheita rigorosa daquilo que plantou. Não podendo consertar o erro, mas disposto a compensá-lo, começa a se rearmonizar com o Universo influenciando nos resultados da Lei de causa e efeito.

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A mão atrofiada pode simbolizar também a mão fechada, a sovinice em relação ao próximo, e Jesus o manda estender a mão, manda vir para o meio de todos e estender a mão.

Isso demonstra a possibilidade de que o comprometimento deste espírito em estender a mão para todos os que estiverem à sua volta antecipe o esgotamento do efeito de suas ações equivocadas.

12. E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.
13. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos:
14. Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
15. Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
16. E Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
17. E, descendo com eles, parou num lugar plano, e também um grande número de seus discípulos, e grande multidão de povo de toda a Judéia, e de Jerusalém, e da costa marítima de Tiro e de Sidom; os quais tinham vindo para o ouvir, e serem curados das suas enfermidades,
18. Como também os atormentados dos espíritos imundos; e eram curados.
19. E toda a multidão procurava tocar-lhe, porque saía dele virtude, e curava a todos.

 Lucas nos conta que Jesus subiu ao monte para orar e passou a noite inteira em oração. Depois disso foi que ele escolheu os seus apóstolos. Lembramos que a palavra “apóstolo” quer dizer “emissário”. Os apóstolos de Jesus eram seus emissários nomeados para movimentar o ensinamento que ele nos trouxe.

É interessante notar que Jesus subia ao monte para orar. É relatado várias vezes no Evangelho de Lucas que Jesus subia ao monte para orar. Jesus fazia isso para que ficasse registrado e nós pudéssemos compreender, muito tempo depois, que é preciso que tenhamos o hábito de nos recolhermos e elevarmos o pensamento a Deus. Isso é subir o monte. Elevar o pensamento, alcançar um estado vibracionalmente alto.

Lucas narra que Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano”, e então uma multidão o aguardava para que ele curasse os seus doentes e desobsediasse aqueles que eram assediados por espíritos atrasados.

Todos procuravam tocar em Jesus, pois saía “uma força” (virtude, δυναμις ) de Jesus. O poder magnético de Jesus era muito grande, os fluidos purificados externalizados por ele tinham o poder de curar os que estivessem receptivos à cura.

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