Evangelho

Dai a César o que é de César, a Deus o que é de Deus

tiberio cesar

Morel Felipe Wilkon

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No tempo de Jesus, sua região era dominada pelo Império Romano. O principal símbolo da dominação romana era o imposto. Os fariseus se opunham abertamente ao imposto, mas os partidários de Herodes, rei deles, aceitavam o pagamento do imposto a César, imperador de Roma. Tanto os fariseus quanto os herodianos eram adversários de Jesus, e queriam pegá-lo em contradição para ter um motivo para prendê-lo. Perguntaram a ele, então, se era justo pagar o imposto a César. Se Jesus respondesse que sim, os fariseus colocariam o povo contra ele; se ele dissesse não, os partidários de Herodes poderiam acusá-lo de subversão. Jesus pediu a eles uma moeda romana que pudesse ser usada para pagar o imposto de César. Alguém lhe apresentou uma moeda romana e Jesus então perguntou que nome estava escrito nela. Eles responderam que era o nome de César, e então Jesus  proferiu uma de suas famosas frases: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

denario romano
A César o que é de César

Você sabe que devemos oferecer o melhor de nós para o mundo. Cada reencarnação é uma oportunidade de consolidarmos aprendizados, e só estaremos fazendo jus a essa dádiva divina chamada Vida se demonstrarmos nossa gratidão através da atividade útil e produtiva. O Espiritismo ensina que “Toda ocupação útil é trabalho”, na questão 675 do Livro dos Espíritos.

Toda ocupação útil é trabalho. O trabalho não se resume à ocupação remunerada, em busca do sustento. Assim como o estudo vai muito além dos bancos escolares convencionais.

Prezo a vida profissional e o conhecimento universitário. Mas nossos maiores trabalhos são – ou deveriam ser – fora do âmbito profissional; e os maiores ensinamentos estão ao nosso alcance além das cadeiras universitárias.

Por dever e ética devemos desempenhar satisfatoriamente os serviços que nos competem. Isso é tão óbvio que não vou me estender no assunto. Cada um sabe o que dita a sua consciência, basta obedecê-la. Do mesmo modo, por questões profissionais, culturais ou ideais devemos nos esforçar para fazer bom proveito para nós e para o próximo dos conhecimentos que adquirimos por meio do estudo convencional.

Mas preciso dizer que poucas pessoas do meu conhecimento – no momento não lembro de nenhuma – são plenamente satisfeitas com a sua vida profissional. Sei que existem pessoas que se identificam com a sua profissão, e que fazem dela uma missão, desenvolvendo-se intelectual e emocionalmente. Mas são raridades.

A esmagadora maioria segue uma carreira profissional como um jogo, em busca de vitória ou torcendo para que termine logo. Particularmente, acho um desperdício de tempo investir grande parte da vida em busca do crescimento profissional. Sei que o progresso depende das melhorias que os homens fazem; sei que os costumes evoluem devido ao esforço de transformação que muitas vezes acompanha ou decorre do aperfeiçoamento profissional; sei que nas atividades laborais são desenvolvidos vários aspectos humanos.

Mas também sei que a vida é curta. Uma reencarnação passa voando. Não dá tempo de fazer tudo o que gostaríamos. Não terei tempo de ler todos os livros que gostaria; não conhecerei nem dez por cento dos lugares que gostaria de conhecer; não poderei ter todos os filhos que desejaria; não será viável fazer todas as faculdades que me agradam; não sobrará tempo para me dedicar à música,  que tanto prazer me dá; não poderei realizar muitas coisas de que gosto e que considero importantes. Não dá tempo.

Se não dá tempo de fazer tudo, precisamos ser seletivos. Temos que nos dedicar ao que consideramos realmente importante, imprescindível para que a nossa passagem pela matéria seja proveitosa. E neste ponto vejo todos os dias pessoas frustradas, descontentes com a profissão, o emprego, o cargo, a carreira, o status, o salário, a posição que ocupa.

Não tenho nada contra os objetivos profissionais, nada contra o dinheiro, nada contra a busca pelo progresso. Isso é parte importante da vida neste plano material. Entendo que muitas pessoas encontrem nisso um objetivo que as mantém motivadas, entusiasmadas, energizadas. Mas se motivação, entusiasmo e energia dependem exclusivamente de objetivos profissionais, a coisa vai mal. Pois isso um dia tem fim…

O melhor investimento, o único que dá retorno certo, é no que se refere ao espírito imortal. Os valores que você conquista, as qualidades que você desenvolve, os conhecimentos espirituais que você adquire, as questões morais que você aprende, as lições que você consegue captar da Vida. Isso você leva consigo para sempre. A tecnologia e o sistema de hoje valem só para o hoje. O status e a técnica logo são ultrapassados. O conforto dos cargos e o respeito das posições alcançadas são temporários. O conhecimento profissional dificilmente terá utilidade fora do plano material.

A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. 

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