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Existe crítica construtiva?

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Você costuma ser crítico? Você acha que existe crítica construtiva?Você, pessoa maravilhosa, cheia de virtudes, nota com facilidade os defeitos alheios? Sei que não é o seu caso, mas há pessoas viciadas em criticar. Sempre fariam melhor o que outra pessoa fez. Hoje se valoriza muito o que se convencionou chamar “crítica construtiva”. Tenho sérias dúvidas a respeito do que se possa construir a partir de uma crítica. O fato é que ninguém gosta de ser criticado, nem você, nem eu.

Mas apreciamos a sinceridade, a honestidade ao manifestar opinião. Quando queremos saber algo relevante a respeito de nós mesmo, deveríamos perguntar a alguém que não simpatize conosco, pois um amigo raramente será sincero correndo o risco de nos desagradar. Não convém esquecer que com a medida que medirmos seremos medidos, palavras do Mestre em sua sabedoria eterna.

Com a medida que medimos somos medidos…

Complicado é aquele tipo de pessoa que critica quem se desvela e mima um animal de estimação, alegando que tais cuidados deveriam ser dispensados a uma criança: “tanta criança abandonada e fazem até hotel pra cachorro”. Só que essas pessoas nem adotam a criança nem cuidam do cachorro…

Ou aquele que critica a obra pronta mas nunca está presente para ajudar. Enfim, são os tipos humanos, não somos assim tão diferentes. Mas devemos tomar cuidado com as críticas. Se é verdade que é com as críticas que construímos e reajustamos a rota, não é menos verdade que são essas mesmas críticas que entopem nosso subconsciente desde a mais tenra infância até nos fazer acreditar em todas elas. Você já observou como se critica uma criança o tempo inteiro? Na intenção de educar e impor limites, aliás necessários, tudo é feio, tudo é errado, tudo é perigoso, tudo não pode.

E os xingamentos que uma criança ouve dos pais ao fazer qualquer coisa errada ou considerada como tal? Preste atenção ao tratamento costumeiro que as crianças recebem, entenderá melhor porque os adultos são tão problemáticos.

Mas nós não somos mais crianças (você não é, né?), o que está feito, está feito. O que podemos fazer é procurar criticar menos, e não confundir franqueza com grosseria, espontaneidade com falta de educação. A grande maioria se magoa com as críticas. Dificilmente alguém não vai levar para o lado pessoal, até porque isso é uma grande bobagem. O profissional é uma pessoa, o artista, o escritor, o colega, todos são pessoas, e são pessoas o tempo inteiro, mesmo ao exercerem sua atividade criticada.

Se for imprescindível a crítica, que seja feita com cuidado. Tente se colocar no lugar do outro e sentir como ele se sentiria. E delimite muito bem o alvo da crítica. Ela deve ser dirigida exclusivamente à ação, ou atitude, ou fato, jamais à pessoa. Nem sempre é possível, mas convém tentar.

Ainda somos muito suscetíveis, cheios de melindres. Talvez daqui a cinquenta anos um assunto como este já esteja ultrapassado, as pessoas sejam menos orgulhosas e mais ávidas em conhecer a si mesmas, ansiando por uma informação que elas mesmas dificilmente perceberiam. Pois a função da crítica é essa, chamar a atenção de alguém para algo que ele não percebeu em si próprio ou para algo que fez de maneira inadequada.

Por fim, não se descuide dos pensamentos, pois a maioria das críticas não chega a ser externada com palavras, ficando somente na esfera do pensamento. Pensamento é energia, e o pensamento de crítica gera uma energia negativa pesada, que se divide entre você e o alvo da crítica. E o resultado desse tipo de energia nunca é bom.

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