Estudo do Evangelho em vídeo, Vídeo

Jesus é o salvador? O que é o pecado?

Você acha que Jesus é o nosso salvador? O que você acha que é o pecado? Neste 2º vídeo, de uma série de 30 vídeos em que eu analiso e interpreto o Evangelho de Lucas, abordo temas como a virgindade de Maria; a salvação por nossos próprios pensamentos, palavras e ações corretas, a partir do ensinamento de Jesus, mas não por Jesus; e o significado original da palavra pecado, sua conotação nos Evangelhos e que não tem nada a ver com o que hoje consideram pecado.

Abaixo você pode ler todo o texto do vídeo.

CAPÍTULO 1

26. E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27. A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
28. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.
29. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta.
30. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus.
31. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
32. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33. E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
34. E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?
35. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.
36. E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
37. Porque para Deus nada é impossível.
38. Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.

Isabel, que já era de idade avançada, e era tida como estéril, já que não tinha filhos, estava grávida de seis meses, esperando João Batista. O espírito Gabriel foi então até a cidade de Nazaré à procura de Maria, a futura mãe de Jesus.

Maria era virgem, era noiva de José, ainda não moravam juntos. Mas para a legislação judaica daqueles tempos a noiva já era considerada propriedade do marido, e qualquer transgressão por parte dela seria punida. A pena para o adultério, por exemplo, era a condenação à morte por apedrejamento.

As mulheres ficavam noivas aos 12,13, 15 anos, e se casavam ainda meninas. Maria era uma menina quando ficou grávida.

O anjo Gabriel anuncia a Maria que ela daria à luz um menino que se chamaria Jesus.

“Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?” – Os judeus usavam o eufemismo “conhecer” para se referir ao ato sexual. No Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, logo depois que Deus fez Eva está escrito que Adão “conheceu” Eva. Quer dizer que Adão e Eva mantiveram relações sexuais.

Maria era virgem e disse isso ao anjo, querendo saber como engravidaria de Jesus. O anjo lhe responde que: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”.

Aqui, novamente, não há artigo antes de “espírito santo”, e, como já vimos, as iniciais maiúsculas são adotadas pelos tradutores de acordo com as suas concepções. Se não há artigo ante de “espírito santo”, não se trata “do” espírito santo, mas de “um” espírito santo.

Descerá sobre Maria um espírito santo, um espírito íntegro, dedicado a Deus, e o poder (δυναμις) de Deus a cobrirá com sua sombra, ou, literalmente, “a ofuscará”. Não é dito, nem direta nem indiretamente, que Maria permaneceria virgem ou que prescindiria de manter relação sexual com José. Maria diz ao anjo que era virgem, queria saber como nasceria através dela este ser que seria chamado filho do Altíssimo. O que o anjo responde a ela é sobre como se daria a encarnação deste espírito santo, deste espírito dedicado a Deus. Gabriel explica que este espírito desceria até ela e que ela sentiria o poder de Deus (traduzido como “virtude”), que este poder produziria uma espécie de torpor, “a ofuscaria”, ou, como foi traduzido, ela seria “coberta pela sombra” do poder de Deus.

É ao próprio Jesus que ele está se referindo. O espírito superior, o espírito mais puro que já pisou sobre a Terra, Jesus, descerá sobre Maria para encarnar por intermédio dela e a virtude do altíssimo, ou seja, o poder de Deus cobrirá Maria, a envolverá, estará com ela, pelo fato do maior espírito da Terra estar temporariamente ligado a ela. Em parte alguma se fala que ela permaneceria virgem ou que ela não se uniria sexualmente a José. 

O anjo Gabriel diz ainda a Maria que Isabel, que era sua parente, também havia engravidado, apesar da sua idade avançada, porque “para Deus nada é impossível”.

Para Deus não é impossível que uma mulher de idade avançada engravide, e para Deus não é impossível que uma virgem, noiva, que ainda não havia consolidado o seu casamento, engravidasse. Nada impediria que ela se unisse sexualmente a José, mesmo que o casamento ainda não se tivesse concretizado. Isto poderia ser impossível para os homens, por causa das suas leis, dos seus costumes, das suas crenças, dos seus preconceitos.

Mas, para Deus, que nos creou à sua imagem e semelhança, e que creou o sexo, e que nunca proibiu o sexo, e que nunca se manifestou contrariamente ao sexo, para Deus não é impossível que Maria se una sexualmente com José e engravide, e dê à luz o espírito mais puro que conhecemos, Jesus, um espírito íntegro, completo, voltado para Deus, um espírito santo.

Este o significado da palavra santo – total, universal, completo, integral. A palavra são, que é muito próxima da palavra santo, tem esse sentido de integridade ligado ao corpo: Corpo são; corpo íntegro. A palavra santo tem esse sentido de integridade ligado ao espírito: Espírito santo; espírito íntegro.

Por que Maria deveria engravidar virgem? Por que Maria deveria permanecer virgem depois de conceber? Porque a mulher era vista como fonte de todo pecado.

Santo Agostinho, ali pelo ano 400, foi quem associou o chamado pecado original ao sexo. Agostinho é o patrono do celibatarismo, é por causa dele que padre não pode casar, é por causa dele que o sexo é visto como sujo e pecaminoso.

Esse mesmo Santo Agostinho é um dos espíritos que colaboraram na codificação do Espiritismo, e Allan Kardec comenta que Agostinho havia modificado muitos dos seus pontos de vista. É evidente que sim.

Santo Agostinho viveu de 354 a 430. No seu livro mais famoso, as Confissões, ele deixa ver as suas ideias a respeito do sexo. Arrepende-se de ter sido fissurado por sexo na juventude e, depois de maduro, mais sábio, mais vivido, e, claro, com os hormônios em baixa, coloca a culpa de todo o mal no sexo.

Agostinho foi capaz de escrever bobagens como: “Por que o demônio não fala com Adão, e sim, com Eva?” Agostinho achava, também, que a salvação não dependia apenas da vontade e dos atos, mas de Jesus.

Nas obras da codificação, organizadas por Allan Kardec, percebe-se o quanto Agostinho mudou de ideia a esse respeito. Afinal, entre a sua existência como Santo Agostinho e a sua colaboração na codificação do Espiritismo, passaram-se 1500 anos.

Jesus diz que dentre os nascidos de mulher não havia ninguém maior do que João Batista. Os nascidos de mulher são todos os espíritos que ainda precisam reencarnar. Mas, 900 anos antes, João Batista havia sido Elias. João Batista foi a reencarnação de Elias; e Elias, embora fosse um grande profeta, foi um homem sanguinário que mandou degolar 450 sacerdotes inimigos – para quem não acredita na Lei de causa e efeito, Elias degolou e foi degolado quando reencarnado como João Batista.

Em 900 anos o espírito de Elias progrediu muito e reencarnou como João Batista. Em 1500 anos o espírito de Santo Agostinho progrediu muito e colaborou na codificação do Espiritismo, retificando posicionamentos equivocados.

Essa questão da virgindade de Maria tem tanta importância para a Igreja Católica que o dogma da Imaculada Conceição só foi aprovado em 1854 pelo papa Pio IX. O dogma da Imaculada Conceição é que decide, num canetaço do papa, que Maria permaneceu virgem depois de dar à luz, depois de Jesus nascer.

O cristianismo começou depois da morte de Jesus, principalmente através de Paulo. Foi duramente perseguido nos primeiros tempos. Milhares de cristãos foram mortos. No ano 380, por meio do Imperador romano Teodósio, o cristianismo se torna a religião oficial do Império romano. O Império romano compreendia quase toda a Europa, parte da África, da Ásia e o Oriente Médio. Para tornar o cristianismo aceito por todos, por tantos países diferentes, costumes, culturas e idiomas diferentes, eles adotaram rituais, lendas e crenças de outras religiões, das chamadas religiões pagãs.

Havia muitas lendas de deuses nascidos de virgens: Krischna, na Índia, nasceu sem uma união sexual, nasceu de uma união mental ióguica entre Vasudeva e Devaki; o deus Hórus, no antigo Egito, foi concebido quando o seu pai já estava morto. Ísis, sua mãe, se transformou em pássaro e pousou sobre a múmia de Osíris, seu esposo morto, e assim ela foi fecundada; para alguns, Buda também foi concebido de maneira fora do comum, de maneira extraordinária, sem união sexual.

O que é que há de importante neste relato da concepção de Maria? Quem escreveu o Evangelho tinha uma finalidade para citar tudo o que citou.

Lucas era um homem culto, que vivia o que se convencionou chamar de cristianismo primitivo. Lucas aprendeu com Paulo, um homem igualmente culto. Lucas provavelmente conheceu muitos discípulos de Jesus, além de Maria, a mãe de Jesus.

Uma leitura atenta dos Evangelhos deixa claro que Jesus não ensinava para o povo tudo o que ensinava para os seus discípulos. Há um sentido profundo em tudo o que está escrito.

Todo o Evangelho é um código eterno de sabedoria cósmica, válida em qualquer tempo e em qualquer lugar.

Todos nós somos filhos de Deus, fomos creados à imagem e semelhança de Deus. Jesus disse que nós somos deuses (João 10:34). Todos temos dentro de nós, em nosso íntimo, toda a potencialidade crística. Foi Jesus mesmo quem nos disse que poderíamos fazer todas as coisas que ele fazia e até maiores (João 14:10).

Então eu tenho o Cristo dentro de mim, você tem o Cristo dentro de você. O Cristo é a manifestação de Deus individualizada. É algo que todos temos dentro de nós em estado latente, esperando ser desenvolvido. É a nossa essência divina. É como um diamante recoberto de pedra bruta. A cada reencarnação evoluímos um pouco, a cada existência removemos parte da pedra bruta que recobre o diamante que temos dentro de nós. Pouco a pouco, cada vez chegamos mais perto. Quem já evoluiu suficientemente é capaz de perceber a presença do seu Cristo interno.

Jesus completou a sua evolução terrena, Jesus unificou-se com o seu Cristo interno, Jesus anulou a sua personalidade para viver a sua individualidade divina.

Maria representa o espírito que já evoluiu suficientemente a ponto de descobrir que há o Cristo dentro de si. Maria está grávida do Cristo, do seu Cristo interno, Maria já é capaz de perceber o Cristo.

Maria submete-se humildemente à vontade de Deus, que é o cumprimento da Sua lei. Todo aquele que percebe a sua realidade espiritual, todo aquele que toma a decisão firme de seguir o caminho reto das Leis de Deus, pressente o seu Cristo interno, sente o Cristo que habita dentro de si mesmo, está “grávido” do Cristo, que um dia há de vir à luz, ou seja, há de manifestar-se em sua plenitude, como o diamante que é livrado de toda impureza e é cuidadosamente lapidado.

Depois disso Maria resolve ir visitar Isabel, que era sua parente.

39. E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá,
40. E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.
41. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo.
42. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.
43. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
44. Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre.
45. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.

Assim que Isabel ouviu Maria lhe cumprimentando, sentiu que a criança no seu ventre se agitava. Um espírito se manifesta por intermédio de Isabel. Provavelmente o espírito do próprio Elias, que em breve iria reencarnar como João Batista. Embora estivesse no ventre de Isabel, ainda em formação, o espírito de Elias e João Batista era suficientemente adiantado para manter esse grau de lucidez. O espírito que iria reencarnar como João Batista reconheceu o espírito que iria encarnar como Jesus, que estava no ventre de Maria, e se manifesta através de Isabel dizendo em alta voz, como é comum nos fenômenos mediúnicos de incorporação ou psicofonia: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. Maria responde com uma belíssima demonstração do seu entendimento de Deus.

46. Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
47. E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;
48. Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
49. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome.
50. E a sua misericórdia é de geração em geração Sobre os que o temem.
51. Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de seus corações.
52. Depôs dos tronos os poderosos, E elevou os humildes.
53. Encheu de bens os famintos, E despediu vazios os ricos.
54. Auxiliou a Israel seu servo, Recordando-se da sua misericórdia;
55. Como falou a nossos pais, Para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.
56. E Maria ficou com ela quase três meses, e depois voltou para sua casa.

As palavras de Maria chamam a atenção para a Lei de causa e efeito. Se referindo às ações de Deus, Maria diz: “Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu vazios os ricos”.

Alguns religiosos interpretam isso como uma demonstração de que Deus prefere os pobres. Por que Deus preferiria os pobres? O que o pobre tem de melhor do que o rico ou o remediado? Se Deus gostasse de pobreza, não teria creado o Universo tão rico e abundante e farto.

O que Maria diz se refere à Lei de causa e efeito, que faz com que nós sempre colhamos aquilo que nós plantamos. Tudo o que nos acontece é o resultado de nossas ações passadas. Por isso, quem abusa do seu poder numa existência é derrubado na existência seguinte, enquanto que aquele que era humilde é elevado, beneficiado. Aliás, isso demonstra mais uma vez a reencarnação.

Raramente acontece de um poderoso ser derrubado e do humilde ser elevado numa só existência. É preciso considerar a realidade da reencarnação para compreendermos o sentido da oração de Maria. Se não levarmos em conta a reencarnação, o que ela está dizendo é uma mentira e uma grande bobagem.

57. E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
58. E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia, e alegraram-se com ela.
59. E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino, e lhe chamavam Zacarias, o nome de seu pai.
60. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João.
61. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
62. E perguntaram por acenos ao pai como queria que lhe chamassem.
63. E, pedindo ele uma tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam.
64. E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus.
65. E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram divulgadas todas estas coisas.
66. E todos os que as ouviam as conservavam em seus corações, dizendo: Quem será, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele.

Quando chegou o tempo de Isabel dar à luz, os vizinhos vieram vê-la, congratulando-se com ela pelo fato de ela ter engravidado em idade já avançada, quando todos tinham certeza de que ela era infértil, o que era considerado uma vergonha e um castigo de Deus.

Os vizinhos sugeriram que se colocasse no menino o nome do pai, Zacarias. A mãe, Isabel, diz que ele se chamaria João. Os vizinhos estranham, pelo fato de que a escolha não competia à mãe, mas ao pai, e também porque não era costume dar ao filho um nome que não houvesse em sua família.

Perguntam por meio de sinais a Zacarias, já que ele estava temporariamente surdo e mudo, como deveria se chamar o menino. Zacarias pediu uma tabuinha de escrever (não existia caneta e papel, como hoje), e escreveu: João é o seu nome.

Assim que Zacarias escreveu isso deixou imediatamente de estar surdo e mudo. As pessoas presentes ficaram muito surpresas com aquilo e perguntavam umas às outras: – O que seria aquele menino, o que haveria de especial nele?

67. E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo:
68. Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo,
69. E nos levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo.
70. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
71. Para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
72. Para manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
73. E do juramento que jurou a Abraão nosso pai,
74. De conceder-nos que, Libertados da mão de nossos inimigos, o serviríamos sem temor,
75. Em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
76. E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
77. Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados;
78. Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;
79. Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; A fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

80. E o menino crescia, e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.

“Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo…”, ou seja, um espírito se manifestou através da mediunidade de Zacarias, e esse espírito, servindo-se dos órgãos vocais de Zacarias, fala de um salvador poderoso, salvação “dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam”.

Quem são os nossos inimigos? Quem são os que nos odeiam? Costuma-se dizer, entre alguns religiosos, que o nosso inimigo é Satanás. Você acha que satanás existe?

Satanás quer dizer adversário, nada mais que isso. E o seu adversário é você mesmo. Sempre que você se apega às coisas materiais em detrimento das coisas do espírito, você é satanás. Sempre que você dá mais importância à matéria do que ao espírito você é satanás. Sempre que você vê as coisas apenas pelo ponto de vista material, que é passageiro e ilusório, e deixa de lado as verdades espirituais, que são eternas e reais, você está sendo satanás.

Quando Jesus anuncia aos seus apóstolos tudo o que deveria acontecer com ele, que ele seria preso, humilhado, condenado sumariamente e crucificado, Pedro tenta dissuadir Jesus, tenta aconselhar Jesus a deixar disso. Pedro acha que Jesus está “viajando”. Jesus diz a Pedro: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.” Mateus 16:23

Pedro estava preocupado unicamente com os aspectos materiais, sem compreender ou aceitar o sentido espiritual.

Satanás é isso; é o nosso adversário interno, é o nosso instinto animal, é o apego à materialidade.

Mesmo os eventuais inimigos externos que nós tenhamos (todos nós em algum momento formamos inimigos, nesta ou em outras existências) só são inimigos ou só podem ser considerados inimigos enquanto nós estivermos sujeitos à materialidade. Quando estivermos voltados para as coisas de Deus, para a espiritualidade, toda e qualquer inimizade perde a razão de ser.

Isso vale para as obsessões, tão comentadas no meio espírita. Nós sabemos que o espírito obsessor só tem acesso até nós se nós dermos acesso a ele através dos nossos pensamentos, palavras e ações equivocadas.

Então fica claro quem é o seu inimigo. E quem é o nosso salvador? Será que Jesus é o nosso salvador?

Podemos considerar Jesus como o nosso salvador por ele ter nos ensinado o caminho que precisamos seguir para progredirmos espiritualmente. Se encararmos a Vida como uma prova, o Evangelho de Jesus é o gabarito da prova. O Evangelho de Jesus é o conjunto de respostas de que necessitamos para passarmos por esta prova.

Mas Jesus não nos salva. Jesus nos mostra o caminho para a nossa autossalvação.

***

Essa fala do espírito através de Zacarias também menciona as promessas feitas no decorrer dos séculos “pela boca dos santos profetas”.

Se é “pela boca” dos profetas, não foram os profetas que falaram por si mesmos, mas apenas serviram de intermediários para que espíritos desencarnados falassem por intermédio deles.

Os profetas nada mais eram do que médiuns. A palavra grega profeta é formada pelo prefixo pro, que quer dizer “em lugar de”, e phetes, que quer dizer “locutor”. Profeta, então, é aquele que fala em nome de alguém, ou aquele através do qual alguém fala.

***

É dito que João Batista viria “para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados”.

Salvação na remissão dos pecados – A palavra pecado, conforme nos ensina Champlin, significava, em grego, errar o alvo. Referia-se à tentativa frustrada de acertar um alvo com o arco e flecha. Pecar, então, é errar, é a tentativa frustrada de acertar. O sentido de pecado que você conhece foi inventado pela igreja.

Pastorino traduziu “rejeição dos erros” em vez de “remissão dos pecados”. A palavra grega traduzida como “remissão” ou “perdão” é αφεσεως. Seu sentido original é de “deixar ir”, “deixar para trás”, “mandar embora”, “libertar”.

Mas Pastorino usa o verbo “resgatar” em vez de “remir”. São sinônimos. Um dos sentidos de resgatar é justamente remir. A diferença fundamental é que o resgate dá a ideia mais clara de que é uma ação praticada por nós mesmos, por nossa própria iniciativa, e não pela iniciativa de um terceiro.

Somos nós que resgatamos os nossos erros, ou, usando uma expressão facilmente compreensível, nós resgatamos o nosso carma.

O que nós vemos aqui, então, é o resgate dos erros, e não a remissão dos pecados. Ou, numa tradução mais literal, o que nos é ensinado como “remissão dos pecados” é a libertação dos erros, é deixar os erros para trás.

Deus é infinitamente justo, não iria perdoar pecados de um ou de outro só porque aceitou Jesus. Isso chega a ser vexatório. E todas as outras religiões não cristãs? Mais de dois terços da humanidade encarnada estariam perdidos porque não aceitam Jesus?

Jesus veio nos ensinar o caminho da salvação de nós mesmos, que começa pelo resgate dos erros no cumprimento espontâneo da Lei de causa e efeito, ou lei do carma.

Paramos de errar, deixamos o nosso passado de erros para trás, nos conscientizamos de que somos responsáveis pelos nossos atos e que colheremos os seus resultados e, assim, nos salvamos.

Essa salvação, em última análise, é a libertação do ciclo reencarnatório, é não precisar mais reencarnar, é alcançar um grau de elevação moral e intelectual que nos permita não mais reencarnar.

***

Emmanuel faz uma observação muito oportuna a respeito do versículo 79, que diz: “Para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte; a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz”.

Emmanuel nos lembra que na Terra é natural que o chefe, o dirigente, o gerente, o administrador, atribua tarefas aos outros, movimentando grande número de pessoas ao seu encargo.

Jesus poderia mobilizar milhões de espíritos seus substitutos para desenvolver tarefas aqui no mundo material. Mas não, ele veio pessoalmente. Guardadas as proporções, é o mesmo que o presidente de uma multinacional ajudar os operários diretamente, sem passar por intermediários.

Jesus deu a maior demonstração de humildade possível colocando-se no mesmo patamar que nós, seres imperfeitos e tantas vezes ridículos em nossas disputas e contendas.

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