A palavra tem poder. As palavras negativas não merecem ser pronunciadas. Uma ótica espírita sobre a palavra e suas consequências.
A realização acontece em três etapas: Pensamento, palavra e ação. A origem de tudo é o pensamento. Ainda não temos as melhores condições de domínio sobre os pensamentos. Jesus nos apontou a importância do controle sobre os pensamentos ao nos falar sobre o adultério em pensamento. A lei antiga, de Moisés, proibia o adultério (da mulher, é claro; a mulher era propriedade do homem). Jesus inova o mandamento ao dizer que todo aquele que desejasse a mulher do próximo já estava cometendo adultério.
Espiritismo e a importância do pensamento
Ele estava se referindo aos nossos pensamentos íntimos, que revelam o que nós somos de verdade. Podemos passar uma imagem de bonzinhos mas mantermos os pensamentos poluídos. É o caso do adultério em pensamento. Ele não é colocado em prática por falta de oportunidade ou por covardia. Mas, em intenção, em pensamento, ele existe.
![boca fechada não entra mosca](http://www.espiritoimortal.com.br/wp-content/uploads/2013/10/boca-fechada.jpg)
Devemos procurar, todos os dias de nossas vidas, controlar os nossos pensamentos, não há dúvida. Mas devemos reconhecer as diferenças entre as etapas da realização. Uma coisa é desejar a mulher (pensamento); outra, mais grave, é declarar isso a ela e fazer-lhe propostas (palavra); outra, conclusiva e irreversível, é envolver-se sexualmente com ela (ação). O adultério é apenas um exemplo, para ficarmos no ensino de Jesus. Isso se aplica a qualquer ato. Pode-se pensar em agredir alguém; pode-se agredir verbalmente alguém; e pode-se agredir fisicamente alguém. São estágios crescentes da realização.
Se não conseguimos impedir o acesso do Mal ao nosso coração, devemos tentar não pensar nele. O pensamento é creador, e atrai outros pensamentos de igual teor. O pensamento imaginativo sobre a raiva, por exemplo, atrai pensamentos idênticos de outros espíritos, encarnados e desencarnados, que potencializam a raiva inicial, formando imagens, estórias e emoções cada vez mais reais e vivas.
Se, apesar de estarmos conscientes de que devemos exercer o controle sobre os nossos pensamentos, nos perdermos, algumas vezes, deixando a imaginação correr livre, sem nos darmos conta de que estamos atraindo pensamentos afins, ou, mesmo percebendo que estamos com pensamentos indesejáveis, não conseguirmos controlá-los imediatamente, tentemos, com todas as forças, não manifestá-los com palavras. A palavra é a etapa seguinte ao pensamento, e sua força de expressão é capaz de exercer o poder de uma ordem em relação a espíritos ignorantes que se identifiquem com o seu teor.
O Mal não merece ser mencionado em nosso dia-a-dia. As palavras negativas não merecem ser ditas. Os pensamentos distorcidos e errôneos não devem ser transformados em palavras. A mania de reclamação, o péssimo hábito de falar mal dos outros, os comentários negativos a respeito de tudo, a ironia, o sarcasmo, o deboche, são atitudes manifestadas em palavras que não merecem ser articuladas.
Não se deve confundir a externalização dos sentimentos, que se faz eventualmente para alguém de muita confiança e amizade, ou para algum profissional da análise humana, com o desabafo chinelo, a reclamação azeda, a fofoca, a hipocrisia terrível de falar dos outros pelas costas.
Tentemos, sempre, purificar os nossos sentimentos e controlar os pensamentos. A oração, a meditação, a leitura edificante, o estudo metódico das coisas do espírito, são algumas maneiras de controlar o padrão de pensamentos. Quando isso não for suficiente, guardemos nossas mazelas conosco, não sejamos instrumentos do Mal, espalhando aos outros o que não presta. É compreensível que não controlemos sempre o que se passa em nossas cabeças, mas manter a boca fechada não é assim tão difícil…