Evangelho

Por que vês o argueiro no olho do teu irmão?

trave no olho

Morel Felipe Wilkon

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“Por que vês o argueiro no olho do teu irmão, ao passo que não enxergas a trave no teu próprio olho?”

Você já percebeu que somos um amontoado de informações? Desde milênios atrás começamos a colher informações sobre tudo e não paramos mais. Tudo o que captamos através dos nossos sentidos físicos, quando encarnados, passa pela triagem do nosso subconsciente. O que for suficientemente repetido ou muito marcante a ponto de dispensar novas ocorrências, fica gravado em nosso subconsciente.

Trave no olho...
Trave no olho…

Quando estudamos o Evangelho de Jesus, ficamos espantados pelo modo como ele conhecia o que se passava na cabeça dos outros, a maneira como tudo para ele era previsível. Na verdade, isso é fácil de entender. Nosso irmão mais velho é muito, muito mais velho que nós. Já passou por tudo e mais um pouco, conhece tudo sobre a natureza humana.

Cada um de nós tem seus próprios conhecimentos e experiências. Tudo o que percebemos no mundo, nas coisas, nas pessoas, é baseado nesses conhecimentos e experiências que nós temos. Você entende melhor as pessoas que lidam com a sua área de interesse. Vocês têm assuntos em comum, têm experiências compartilhadas, falam a mesma língua.

Uma pessoa boa é compreensiva, porque conhece a natureza humana, já transitou pelos erros que agora observa nos outros. Uma pessoa não boa não é compreensiva, pois tem pouca experiência,  não desenvolveu a empatia, não sabe se colocar no lugar do próximo.

Só captamos no próximo aquilo que estamos aptos a captar por já termos em nós os elementos necessários para a sua compreensão. Só entendemos o que conhecemos. Só notamos o que pode ser compreendido por nossa mente. Todo o Mal que você vê no seu semelhante é seu Mal também. Você pode tê-lo superado, pode tê-lo vencido, mas o conhece e conhece bem, senão não o teria notado no seu semelhante.

Os defeitos e falhas de caráter alheios que incomodam você são imperfeições com que você está bem familiarizado, ou elas não o incomodariam. Se você não tivesse dados a respeito dessas imperfeições, não teria meio de avaliá-las.

Você pode alegar que nós também conhecemos através da observação da experiência alheia. É verdade se levarmos em consideração apenas a reencarnação atual. Mas em algum momento da nossa trajetória travamos conhecimento com essas particularidades, o que nos facilita o seu entendimento pela simples observação dos outros.

Quando se conta uma piada suja ou se faz uma malícia qualquer perto de uma criança, ela não apreende o sentido oculto, porque não tem essa malícia. Do mesmo modo, nós não percebemos as imperfeições alheias que nós não conhecemos. As imperfeições que nós notamos são características das quais guardamos muitos dados em nossa mente subconsciente.

Vemos nos outros o reflexo de nós mesmos. Só vemos o que conhecemos. Os homens do tempo de Jesus não o reconheceram, não perceberam nele o Cristo encarnado, o espírito mais elevado que já pisou sobre a Terra. Não conheciam nada daquilo. O comportamento dele, suas atitudes e gestos eram para aqueles homens verdadeiros absurdos, coisas nunca antes vistas ou imaginadas. Não estavam prontos para compreendê-lo, faltava a eles dados suficientes para fazer uma análise mais apurada.

“Por que vês o argueiro no olho do teu irmão, ao passo que não enxergas a trave no teu próprio olho?” – Essa pergunta de Jesus se refere a isso. Só vemos nos outros o que nós conhecemos. Se notamos muitos defeitos no próximo, é porque temos dados suficientes, em nossas próprias experiências, para nos informar sobre esses defeitos. Sempre que observarmos alguma falha em alguém nos lembremos de que só somos capazes dessa observação crítica por termos nossa própria experiência com essa falha.

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