Comportamento

Casamento e espiritualidade

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Morel Felipe Wilkon

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A maior parte das relações ditas afetivas ou mesmo casamentos se deve exclusivamente a aspectos físicos. Embora milhares de mensagenzinhas bonitas entupam facebooks valorizando a espiritualidade, os aspectos morais ou grandes valores humanos, o que faz uma pessoa se sentir atraída por outra, na maioria das vezes, é a atração física. O desejo sexual é o responsável pela maior parte das uniões conjugais, estáveis ou não.

Espiritismo e relações amorosas

Vivemos no mundo das aparências. O mundo físico é o plano das aparências por excelência. E em nenhum período da História estivemos tão entregues à ilusão da aparência como hoje.

bolo de casamento
Muitos casamentos são só desejo…

Grande parte dos casais que falam de amor estão se referindo a desejo sexual. Grande parte dos parceiros abandonados que dizem sofrer por amor estão sofrendo a falta das relações sexuais, ou, no máximo, do carinho, do contato, mas do contato físico, não psíquico.

Os mais apaixonados negam. Juram que admiram a inteligência, a integridade, o humor. Eu acredito. Mas uma pessoa desfavorecida no quesito aparência, por mais inteligente, íntegra e bem-humorada que fosse, não teria chamado a sua atenção. Se chamasse, não despertaria o seu desejo.

Há exceções, acho que em tudo há exceções. Mas são poucas. Normalmente os que não reconhecem isso não têm coragem de reconhecer ou de analisar a si mesmos.

O que chamamos normalmente de amor é desejo, paixão, tesão, atração. O amor, ou algo próximo do amor, é bem diferente e bem distante de manifestações físicas.

Quando desencarnarmos saberemos o que é e o que não é amor. Poderemos saber isso aqui mesmo,  ao envelhecermos. Mas depois do desencarne é que tudo fica mais claro. Sem corpo físico, a verdadeira atração, se existe, continua. Se houver atração psíquica, o vínculo permanece, e podemos chamar isso de amor. O que for material, apenas atração física, se dissipa, desaparece.

A atração sexual é providencial como meio de atrair parceiros. Aliás, sem ela, a perpetuação da espécie estaria ameaçada. Mas ainda é muito grande a porcentagem de uniões que acontecem movidas só pelo desejo, pelas conveniências sexuais, pela satisfação dos instintos.

Relações baseadas no amor ou na comunhão de ideais ainda são raras, e só devem tornar-se regra quando o processo de transição planetária estiver concluído. As experimentações que observamos hoje, formando novos modelos familiares, são maneiras de testar novas modalidades de relacionamento. A sociedade contemporânea é o laboratório do mundo de regeneração.

A aparência é importante e é bom que cuidemos dela. Mas não deveríamos valorizá-la mais que os aspectos morais, os valores, as ideias. Seguramente as uniões conjugais que se destacam pela parceria, pelo progresso em conjunto, pelo apoio mútuo ao longo da vida, não se alicerçaram sobre aparência e desejo. A era para a qual estamos nos dirigindo se sustentará sobre relações sólidas firmadas sobre sentimentos elevados. 

Considerando que todos somos espíritos imortais de passagem pela matéria, e que os vínculos que realmente importam são os vínculos psíquicos, forjados em similitude de ideais e plena confiança mútua, reconhecemos que muitos dos nossos relacionamentos familiares são apenas transitórios, são oportunidades de aprendizado e tarefas de reajuste obrigatório. Mas dentre todas as possíveis formações amorosas, é entre casais que está a maior possibilidade de crescimento em conjunto. Ainda há inúmeros casos em que um dos parceiros impede ou dificulta ao outro o seu desenvolvimento espiritual.

A vida a dois só tem sentido se for para somar forças, para multiplicar estímulos e motivação para a ascensão espiritual. O casal em que um cônjuge sabota o crescimento do outro é um engodo, uma farsa, uma prova que pode ser necessária mas que não pode ser impeditivo para que a evolução seja buscada pela parte que estiver disposta a isso. Passou o tempo em que o homem tinha o poder de impedir a mulher de desempenhar seu papel espiritual. Nada justifica, hoje, a submissão, por parte de quem quer que seja, a ameaças ou chantagens que visem impedir o desenvolvimento das coisas do espírito.

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