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Espiritismo e a Páscoa

coelho da pascoa

A Páscoa tradicionalmente comemora a ressurreição de Jesus. O Espiritismo explica que Jesus a pareceu aos discípulos com o seu corpo perispiritual.

Tenho boas lembranças de páscoas na infância. Diferente de outras datas, como Natal e Ano-novo, que em alguns anos foram difíceis pela pobreza material em que vivemos por um tempo, as páscoas foram sempre boas. Minha tia Marise garantiu páscoas doces e alegres como ela. Também lembro que minha avó guardava cascas de ovos vazias, durante o ano. Nos dias que antecediam a Páscoa, pintávamos as cascas e ela as recheava com amendoim açucarado. Era muito bom.

Depois da infância, nunca mais vi sentido na Páscoa. O Natal já é uma data essencialmente comercial mas tem a particularidade de tornar as pessoas mais sensíveis, talvez por coincidir com o final do ano, final de um ciclo.

Espiritismo e a Páscoa
Espiritismo e a Páscoa

Mas a Páscoa é só comércio. Claro que para os católicos e alguns protestantes, como luteranos e batistas, a Páscoa tem um significado religioso que deve ser respeitado. Mas o que fala alto, mesmo, é o comércio.

Minha filha Sofia tem quatro anos. Eu me recuso a comprar um ovo de chocolate por vinte reais quando o preço de uma barra de chocolate com o mesmo peso custa quatro reais. Tenho dinheiro suficiente pra comprar muito chocolate. Mas me recuso. Por que cometem esses abusos? Porque as pessoas permitem. Se depender de mim, a Sofia não ganha ovo…

Vivemos uma ditadura do consumismo. A Sofia frequenta a escolinha desde um ano de idade, tem seus colegas, influencia e é influenciada por eles. Como explicar a uma criança de quatro anos que comprar um ovo de chocolate caríssimo é um insulto ao bom senso? Minha sorte é que nem todos na família pensam como eu. Alguém vai dar um ovo pra ela…

A Páscoa comemora a ressurreição de Jesus. Ressurreição seria o retorno à vida no mesmo corpo, no corpo que morreu. Algo que o bom senso e as noções primárias da ciência não aceitam. O Espiritismo explica que Jesus apareceu aos discípulos com o seu corpo perispiritual, provavelmente se materializando ou tornando seu perispírito mais denso. 

Na época de Jesus já se comemorava a Páscoa, mas por outros motivos, ligada a outros fatos. A Páscoa dos judeus, que é o povo de Jesus, era uma data para lembrar a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.

O povo judeu foi escravizado no Egito durante quatrocentos anos. Moisés foi o líder da libertação do povo. Em meio às tentativas de convencer o faraó a libertar o povo, Javé, como era chamado o deus do Antigo Testamento, um deus muito brabo e vingativo, que gostava muito de sangue e guerra, prometeu a Moisés dez pragas contra o Egito. Uma dessas pragas era a morte de todos os primogênitos, de todos os filhos mais velhos, desde o filho do faraó, até os filhos dos escravos, até os filhos dos animais.

Para que os filhos dos judeus não fossem atingidos, já que Javé mataria a todos, Javé mandou que os judeus sacrificassem um cordeiro por família e marcassem as portas de suas casas com o sangue dos cordeiros, para que Javé, quando passasse por ali matando, reconhecesse as casas dos judeus e não matasse os seus filhos também. Como se nota, há muita diferença entre o deus retratado no Antigo Testamento e o Deus de que nos falou Jesus. Para que esse dia fosse sempre lembrado, Javé instituiu a Páscoa. Isso está nos capítulos onze e doze do Êxodo, o segundo livro do pentateuco.

Assim como os cordeiros foram sacrificados para salvar os filhos dos judeus, dizem que Jesus, a quem chamam “O Cordeiro de Deus” foi sacrificado pra nos salvar…

Não conseguiria gostar de um deus que exigisse sacrifícios de seus filhos para salvar outros filhos. Respeito as manifestações religiosas, respeito os pensamentos religiosos, respeito os religiosos. Mas tem coisas que a mim parecem extremamente absurdas.

Além da comemoração da Páscoa por crenças religiosas, do Antigo e Novo Testamento, há uma misturança de símbolos na maneira como se comemora a Páscoa hoje. A data em que se comemora coincide com a chegada da Primavera na Europa. Os povos bárbaros comemoravam esse começo de estação com muita alegria. Depois de um Inverno rigoroso, cheio de frio e neve, a vinda da Primavera representava fartura e conforto, e, consequentemente, mais chances de sobrevivência. O simbolismo do coelho (originalmente, era lebre) vem dessa época. Pela sua grande capacidade de procriação, o coelho simbolizava fertilidade, prosperidade, fartura. O costume de se presentear com ovos, símbolo de vida, era comum em muitos povos em muitas épocas.

Mas o que se sabe, hoje, é que na Sexta-feira se come peixe e se bebe vinho. Eu, que não como carne e não bebo, estou de fora deste ritual. E no Domingo as crianças têm uma indigestão de chocolate, não importa o preço. Estranhas festas as nossas.

Poderia falar que o simbolismo da Páscoa deve ser vivido todos os dias, essas coisas que se diz nessas datas. Mas já falei demais. Feliz Páscoa, se você comemora a Páscoa. Aproveite o feriado, a família, as crianças, se tiver.  Até Segunda-feira!

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